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O ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, José Pacheco, considerou nesta quarta-feira (20) insuficiente os apoios internacionais ao país para prevenir desastres naturais, como o ciclone Idai que atingiu a zona centro.
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No seu discurso, sem nunca se referir especificamente ao Idai, no primeiro dia da conferência Sul-Sul da Cooperação que acontece na capital argentina, o ministro moçambicano lamentou também a falta de acesso a tecnologias, como barreiras marítimas, para diminuir o impacto de ciclones e tempestades.
"Há desafios prevalecentes em muitos países em desenvolvimento, particularmente nas nações africanas, referentes ao financiamento inadequado para aumentar o investimento social e econômico", mas também um "limitado acesso à tecnologia para prevenir desastres naturais", ressaltou o ministro moçambicano, em um dia em que o seu país enfrenta uma tragédia que pode causar milhares de mortos.
José Pacheco elogiou a Cooperação Triangular como um valor acrescido à cooperação entre os países, mas salientou que esses desafios exigem recursos financeiros.
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"Os desafios exigem de nós um esforço conjunto para fortalecer a cooperação Sul-Sul, alavancando, assim, os recursos disponíveis para os países em desenvolvimento para melhor atender à Agenda de Desenvolvimento Sustentável de 2030", pediu.
O ministro explicou que o setor chave de Moçambique, um dos que mais iniciativas de cooperação recebeu, é a agricultura, coluna vertebral da economia moçambicana, responsável por 24% do PIB e por empregar 70% da população.
José Pacheco deu três exemplos de cooperação que o país reconhece como os mais importantes - China, Brasil e Vietnã - todos com financiamento e transferência de tecnologia.
"Moçambique foi o primeiro país em instalar um Centro de Demonstração de Tecnologia Agrícola (ATDC), financiado pela China, onde os especialistas moçambicanos e chineses têm trabalhado lado a lado para impulsionar a produtividade da agricultura no país", disse.
"Outro ator de destaque da Cooperação Sul-Sul e Triangular em Moçambique é o Brasil, que financiou, em conjunto com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, na sigla inglesa), a construção e instalação do primeiro Banco de Leite Materno no país", explicou, salientando que o projeto incluiu a transferência de tecnologia brasileira e marcou um progresso sem precedentes para reduzir a mortalidade materna, neonatal e infantil.
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No caso do Vietnã, o apoio ajudou a aumentar os níveis de produtividade em arroz e vegetais, explicou o ministro.
Em Moçambique, o Presidente da República, Filipe Nyusi, anunciou nesta quarta que mais de 200 pessoas morreram e 350 mil "estão em situação de risco", tendo decretado o estado de emergência nacional.
O país vai ainda cumprir três dias de luto nacional, até sexta-feira.
O Idai, com fortes chuvas e ventos de até 170 quilômetros por hora, atingiu a Beira (centro de Moçambique) na quinta-feira à noite, deixando os cerca de 500 mil residentes na quarta maior cidade do país sem energia e linhas de comunicação.
A Cruz Vermelha Internacional indicou que pelo menos 400.000 pessoas estão desalojadas na Beira, em consequência do ciclone, considerando que se trata da "pior crise humanitária no país". Com informações da Lusa.