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SÃO PAULO, SP E BEIRA, MOÇAMBIQUE (FOLHAPRESS) - Dondo, em Moçambique, amanheceu com chuva nesta quinta-feira (21). Como boa parte das casas da cidade está sem telhados, destruídos pela passagem do ciclone Idai pelo país, milhares de pessoas buscam onde se abrigar. Escolas e igrejas viraram centros de acolhida.
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"As casas não tinham estrutura para aguentar uma tempestade desse tamanho, e o estrago foi muito grande, conta a missionária brasileira Noemia Cessito, que atua no auxílio às vítimas em Dondo e mora no país há 35 anos. "A cidade está destruída. As ruas tinham muitas árvores, que caíram com o vento. Postes de energia também foram ao chão". Nas casas que não cederam, subir no telhado virou opção para se proteger das inundações, que começam a baixar.
Dondo tem 170 mil habitantes e fica a 35 km de Beira, cidade no litoral que foi duramente atingida pelo ciclone Idai na semana passada, com ventos de até 170 km/h. Depois, o fenômeno rumou para o continente na direção do Zimbábue e de Malaui, derrubando edifícios e ameaçando as vidas de mais de 2 milhões de pessoas.
Além da falta de teto, as residências de Dondo começam a ficar sem comida, conta Noêmia. "As chuvas encheram as barragens, que foram abertas e geraram enchentes que destruíram as estradas. Há buracos muito profundos nelas. Não dá para passar, então não chega água nem comida. As pessoas estão andando pelas ruas em busca de algo para comer", diz.
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COMO AJUDAR
A Junta de Missões Mundiais, ligada à Convenção Batista Brasileira, que conta uma equipe atuando em Dondo, aceita doações em dinheiro, em reais, pelo seu site.
A Central de Apoio, criada por entidades de Moçambique, aceita doações via transferência internacional e presencialmente, em alguns endereços do país, além de fornecer ajuda para encontrar pessoas desaparecidas na tragédia.
Noêmia faz parte da Junta de Missões Mundiais, organização ligada à Convenção Batista Brasileira, que atua com evangelização em cerca de 80 países. O grupo sediado em Dondo teve a opção de sair da cidade, mas decidiu ficar para ajudar.
"Montamos um quartel-general de apoio e estamos dando abrigo para alguns adultos e crianças e servindo duas refeições diárias, cozinhando o que ainda temos", explica. "Também estamos ajudando pessoas que perderam seus familiares."
Em Maputo, capital de Moçambique, as doações estão sendo organizadas por entidades e voluntários no porto da cidade. Um navio está sendo preparado para levar a ajuda até Beira. A expectativa é encher 40 contêineres de suprimentos, entregues por moradores e por organizações que atuam na cidade.
"Muita gente foi ajudar a preparar os kits, encaixotar e carregar o material para os contêineres", conta o designer gráfico brasileiro Marcos Drummond, que mora em Maputo e colaborou nesse trabalho. "Maputo tem muitos expatriados, como uma comunidade francesa, uma americana, uma muçulmana e igrejas neopetencostais brasileiras. Todas essas pessoas estão se dedicando a enviar ajuda para as áreas atingidas."
15 MIL AGUARDAM RESGATE
Nesta quinta, agentes de resgate ampliaram a busca de sobreviventes. O saldo de mortes em Moçambique subiu para 217, e cerca de 15 mil pessoas, muitas delas doentes, ainda precisam ser resgatadas, disse o ministro da Terra e do Meio Ambiente, Celso Correia.
Os agentes de resgate continuam encontrando corpos, e o número de mortes pode aumentar bastante. Durante o dia, helicópteros transportaram pessoas, algumas retiradas dos tetos de casas e de topos de árvores, para a cidade de Beira, o principal quartel-general da operação de resgate.
Um helicóptero voltou com quatro crianças e duas mulheres, resgatadas de um pequeno estádio de futebol de um vilarejo quase todo submerso. Um menino pequeno, com uma perna quebrada, estava sozinho e dava sinais de exaustão quando os agentes o deitaram na grama antes de levá-lo a uma ambulância.
Uma idosa estava sentada, atordoada, perto de dois de seus netos. Os três estavam ilesos, mas as crianças perderam a mãe.
Agora que as águas das inundações começaram a baixar, a prioridade é levar alimentos e outros suprimentos às pessoas em vez de retirá-las das áreas afetadas, embora isso também esteja sendo feito, disse Correia. Cerca de 3.000 pessoas foram resgatadas até agora.
Nos países vizinhos, estima-se que 56 pessoas morreram no Malaui e 139 no Zimbábue. O Programa Mundial de Alimentos da ONU, que está coordenando a entrega de comida na região, disse que 200 mil pessoas no Zimbábue precisarão de assistência urgente na alimentação por três meses.