Gestão Doria demite 3 por carne de frigorífico interditado na merenda

O órgão federal suspendeu no início do ano três empresas fornecedoras de carne para a rede estadual

© Amanda Perobelli / Reuters

Brasil Escola 21/03/19 POR ANGELA PINHO, para Folhapress

ANGELA PINHO - SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A gestão do governador João Doria (PSDB) demitiu nesta quinta-feira (21) três funcionários responsáveis pela merenda escolar em São Paulo após o jornal Folha de S.Paulo revelar que escolas estaduais receberam carne de frigorífico interditado pelo Ministério da Agricultura.

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Então chefe da Coordenadoria de Infraestrutura e Serviços Escolares da Secretaria da Educação, Júlio César Forte Ramos é um dos exonerados.

Ele assinou em fevereiro contratos para o fornecimento de carne com empresas que já haviam tido atividades suspensas pelo Ministério da Agricultura.

O órgão federal suspendeu no início do ano três empresas fornecedoras de carne para a rede estadual após fiscalização constatar que elas haviam praticado fraude econômica, que consiste na substituição de matérias-primas ou na mistura de carnes com rejeitos.

São elas NS Alimentos, Centroeste e Fridel.

A suspensão das atividades da NS Alimentos foi determinada em 30 de janeiro. Ainda assim, a empresa firmou no dia 11 de fevereiro contratos com a Secretaria da Educação do estado no valor de R$ 7,9 milhões para compra de coxão mole e pernil.

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Os contratos foram assinados por Ramos e por uma representante da empresa.

Documentos obtidos pelo jornal Folha de S.Paulo mostram ainda que parte das escolas continuou recebendo carne da NS Alimentos mesmo após a secretaria ter sido notificada da suspensão de atividades da empresa.

Em nota, a Secretaria Estadual da Educação afirmou nesta quinta-feira (21) que "ao tomar ciência pela Folha de S.Paulo  de que carne de frigoríficos com atividades suspensas pelo Ministério da Agricultura foram distribuídas nas escolas estaduais, o governador João Doria determinou que todo o produto fosse imediatamente recolhido".

Segundo o secretário Rossieli Soares, foi aberta uma comissão de apuração interna e será contratada uma auditoria para avaliar a merenda da rede.

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Ele afirmou que a carne dos frigoríficos interditados não oferecia riscos à saúde. A irregularidade delas consistia no fato de a secretaria ter pago por um produto diferente do que veio -por exemplo, com mais água para aumentar o peso.

De acordo com o secretário, a carne da NS Alimentos enviada para as escolas após a interdição da empresa é de lote produzido antes da fiscalização do Ministério da Agricultura.

Ele disse que consultou a pasta federal para avaliar se o produto pode ou não ser consumido. Por ora, a determinação às escolas é que não seja servido às crianças.

Soares afirma que tomou a decisão de exonerar os servidores porque eles descumpriram a determinação anterior dele de não comprar carne dos frigoríficos atingidos pelas medidas do ministério. Ele ressaltou que eles já estavam na secretaria quando ele tomou posse no cargo, em janeiro.

"Estamos reorganizando a casa", afirma.

A NS Alimentos afirmou na quarta-feira (20) que "se encontra em atendimento a demandas técnicas formuladas por órgão do Ministério da Agricultura, não havendo em sua história nenhuma condenação em processo administrativo ou judicial da pasta, bem como, de outro órgão público."

As empresas Fridel e Centroeste não responderam aos contatos da reportagem.

MUDANÇAS NO CARDÁPIO

O cardápio da merenda das escolas da rede estadual vem sofrendo alterações desde a gestão Márcio França (PSB), que continuam sob Doria.

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Entre as mudanças, está a volta de produtos processados que antes não estavam no cardápio, contrariando a preferência que vinha sendo dada a alimentos in natura. Foram compradas, por exemplo, almôndegas com molho pronto já congelado e foi aberto processo para aquisição de molho de tomate em pó.

Além disso, menus feitos pela chef Janaina Rueda foram substituídos sem aviso no final do ano passado por refeições que têm gerado críticas por falta de nutrientes ou pela repetição de alimentos.

Nesta quinta-feira, o secretário Rossieli Soares afirmou que alimentos saudáveis são a prioridade e ressaltou a volta das aquisições de produtos da agricultura familiar, que havia sido suspensa.

Após reportagem da semana passada, a secretaria anunciou também que fará um chamamento público para convocar novos chefes a participar do treinamento de merendeiras e da elaboração de cardápios da rede.

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