Dengue se espalha no interior de SP; Bauru tem mais mortes

Enquanto em 2018 o estado de São Paulo teve 10 mortes, só no primeiro trimestre deste ano foram registrados ao menos 21 óbitos

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Brasil saúde 21/03/19 POR Folhapress

RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) - O número de mortes confirmadas por dengue em São Paulo já é mais que o dobro do total de 2018 e a alta incidência tem feito com que cidades até deixem de fazer exames para diagnosticar a doença.

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Enquanto em 2018 o estado teve 10 mortes, só no primeiro trimestre deste ano foram registrados ao menos 21 óbitos, número que deve crescer com o total de casos suspeitos em investigação.

Neste ano, até março, foram registrados 34.785 no estado de São Paulo. No ano passado inteiro, foram 13.894 registros autóctones da doença.

Apesar de o cenário ser pior em relação a 2018, está longe de ser o mais grave nos últimos anos no estado. Em 2015, foram confirmados 657.903 casos no estado, 370.459 deles de janeiro a março.

Neste ano, o pior cenário da doença é registrado em Bauru, que já registrou 10 mortes e que tem outras 9 aguardando confirmação laboratorial pelo Instituto Adolfo Lutz.

Segundo o CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica), órgão da Secretaria da Saúde, foram confirmados 5.668 casos até o dia 15 na cidade. A prefeitura divulgou na segunda (18) boletim que já aponta 6.000 registros autóctones -contraídos no próprio município.

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Outras mortes já foram confirmadas em Araraquara (4), São Joaquim da Barra (4) e São José do Rio Preto (3). Após Bauru, aparecem com epidemias Araraquara (3.245 casos), Rio Preto (3.166), Andradina (1.925) e Barretos (1.854).

O número de casos pode ser muito superior aos notificados pelo fato de a dengue ser uma doença na maioria dos casos assintomática, segundo o CVE.

Das 10 cidades com mais casos, três são da região de São José do Rio Preto (Rio Preto, Fernandópolis e Palestina), duas de Bauru (Bauru e Agudos) e duas de Franca (São Joaquim da Barra e Ipuã). O total de cidades com epidemia no noroeste paulista já passa de 10.

A Secretaria da Saúde de Bauru informou que, entre os motivos para a epidemia estão o clima, com o fenômeno El Niño, e a circulação do sorotipo 2 da dengue, dominante no estado neste ano e que encontrou uma população mais suscetível.

A dengue tem quatro sorotipos. Se uma pessoa teve dengue tipo 1, pode se contaminar por qualquer um dos outros três sorotipos e ter um agravamento desse caso.

"Há linhas de estudo que dizem que o 2 seria o tipo mais virulento, mas o que nós percebemos é que, se tive 1, e tenho o 2, pode ter caso de agravamento por conta de estar sendo novamente contaminado", afirmou a diretora do CVE, Regiane de Paula.

Para tentar reduzir a incidência de casos e mortes, Bauru criou um posto avançado de dengue para atender pacientes mais graves e ampliou horário de atendimento até as 23h em unidades de saúde.

Além disso, a Vigilância Epidemiológica faz monitoramento diário em unidades de saúde em busca de casos com "sinais de alarme" e o total de profissionais de saúde foi ampliado, assim como visitas às casas e mutirões de limpeza.

Rio Preto implantou uma fila para atendimento exclusivo de dengue nas Upas (Unidades de Pronto Atendimento) e criou um centro de hidratação para atender até 70 pacientes simultaneamente. Eles ficam de 12 a 48 horas no local, conforme a gravidade, segundo o médico André Luciano Baitello, assessor de gabinete da Secretaria da Saúde.

"Estamos tendo 60% de positividade [dos casos suspeitos], o que indica que devemos passar de 4.000 casos, pois há um número represado aguardando sorologia."

Em Araraquara, onde foi confirmada na segunda-feira (18) a morte de uma mulher de 33 anos, dois polos de atendimento à dengue foram criados e o horário de atendimento em outras quatro unidades básicas de saúde foi ampliado.

Com 1.854 casos segundo o CVE -e já 2.031, conforme a prefeitura-, Barretos deixou de fazer a sorologia para confirmar novos casos da doença no início de fevereiro, quando entrou em epidemia.

Com isso, as confirmações passaram a ser feitas por meio dos sinais e sintomas dos pacientes. Febre e mais dois sintomas resultam em caso positivo. A cidade investiga duas mortes por suspeita de dengue.A diretora do CVE disse que, apesar do crescimento de casos em relação a 2018, o quadro está dentro do esperado. Segundo ela, a dengue é uma doença sazonal que teve uma epidemia grande em 2015 e que, desde então, teve anos com baixas incidências, como o ano passado.

"Neste ano tivemos aumento do número de casos, sem dúvida nenhuma, mas dentro do esperado, nesse período sazonal. Estamos tendo muita chuva e muito calor", afirmou.

De acordo com a diretora, 8 em cada 10 focos da doença estão dentro das casas e as ações de combate envolvem mutirões e parcerias como a que divulga mensagens sobre a doença nas rodovias.

"Quando leva informação para criança, adolescente, faz com que propague isso, seja voz dentro de casa falando com pais, vizinhos, a escola."

Ainda conforme ela, é importante as famílias vistoriarem calhas, caixas-d'água e bebedouros em suas casas, para não acumularem água parada.

Também transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, casos de zika e chikungunya não têm surgido com intensidade nos municípios com epidemia de dengue. Bauru, por exemplo, não tem nenhum registro das duas doenças.

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