© Adriano Machado/Reuters
TÁSSIA KASTNER - SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em mais um capítulo na escalada de atritos que têm como pano de fundo a articulação pela reforma da Previdência, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que há uma distorção na fala do presidente Jair Bolsonaro (PSL) quando ele afirma que o parlamentar está sendo agressivo.
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"Eu não uso as redes sociais para agredir ninguém, eu uso as redes sociais para dar informação aos meus eleitores, à sociedade brasileira", disse Maia.
"Você pode pesquisar os meus tuítes, os do presidente e do entorno do presidente, para você ver quem está sendo agredido nas redes sociais. Aí você vai poder chegar à conclusão de que há uma distorção na frase do presidente", afirmou Maia, sobre a declaração do presidente em viagem ao Chile.
O deputado disse ainda que "numa democracia o Poder Executivo não está acima dos outros Poderes, estão todos dialogando entre si". Maia almoçou com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), neste sábado (23), em um esforço para alinhar um discurso apaziguador sobre a reforma após três dias de troca de farpas entre o parlamentar e o entorno de Bolsonaro.
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A desavença fez o mercado financeiro levantar dúvidas sobre a viabilidade de aprovação das novas regras, considerada essencial para o equilíbrio das contas públicas.
"Nós estamos olhando para frente. Cada um colocou o seu ponto de vista, o presidente colocou o dele, eu coloquei o meu. Eu não tenho nada mais a tratar do que ocorreu nos últimos dias. Eu estou preocupado em sinalizar claramente para a sociedade que o Parlamento vai permanecer sendo um ponto de equilíbrio, um ponto de diálogo, um ponto de clareza para a sociedade. Que no nosso parlamento nós vamos aprovar as matérias de interesse da sociedade", afirmou.
Sobre o presidente Bolsonaro ter afirmado, também neste sábado, que a aprovação da reforma depende do Congresso, Maia afirmou que as coisas não são tão estanques.
"Até porque o ministro Paulo Guedes tem tentado intervir na escolha do relator, na escolha do presidente. Então não é tão independente assim a relação como se pode pensar. Vai se escolher um relator por sorteio? Vai se deixar ter um relator de oposição nessa matéria? Então não é assim que as coisas funcionam, as coisas funcionam com diálogo", afirmou.
O presidente da Câmara voltou a declarar que a reforma nas aposentadorias é a prioridade na Casa e disse ainda que a forma como o governo vai participar da agenda de reformas é um "problema do Executivo.
"A minha agenda é a reforma da Previdência. Depois da Previdência, a nossa agenda é a reforma tributária e a repactuação do estado brasileiro. De que forma o governo vai ou não participar, isso não é um problema meu. É um problema do Executivo", disse.