© Ueslei Marcelino/Reuters
O advogado Marcelo Feller, defensor do adolescente apreendido na semana passada, acusado de ser um dos mentores do ataque à Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), negou hoje (25), que o jovem tenha qualquer ligação com o crime. “A minha convicção é de que ele é inocente”, enfatizou o defensor indicado pelo Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD). A Defensoria Pública não pode atuar em favor do adolescente, uma vez que está representando as famílias das vítimas do atentado.
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Para Feller, há uma “sede da polícia em dar uma resposta para a sociedade com alguém vivo”. O advogado afirmou que algumas provas foram vazadas de forma parcial para dar sustentação a tese da participação de uma terceira pessoa no planejamento do atentado. Entre essas evidências, ele destacou alguns trechos de conversa apresentados sem o diálogo completo, que permite outras interpretações.
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Em uma delas, o adolescente avisa o próprio autor do crime sobre as notícias do atentato. Não obtendo resposta, aparentemente, ele conclui sobre a participação do amigo e finaliza enviando a mensagem “te odeio”. Em outra, ele fala para outro colega que já tinha ouvido sobre os planos do atirador, mas afirma que não teve nenhuma participação.
O defensor disse que o adolescente, de 17 anos, realmente fantasiou atacar a escola com um dos autores do massacre, também de 17 anos, em 2015, quando ambos tinham entre 13 e 14 anos. Porém, segundo o advogado, os dois brigaram em outubro daquele ano, voltado a se falar somente em outubro de 2018.
De acordo com o advogado, o adolescente apreendido não acreditava que o amigo pudesse realmente fazer o atentado. Mostrando conversas dele por Whatsapp logo após a divulgação do ataque, Feller disse que ele ficou surpreso de que o amigo tivesse mesmo participação no crime. “É bastante comum que o atirador conte a amigos e pessoas próximas as fantasias que ele têm”, ressaltou o advogado, baseado em pesquisas, especialmente feitas nos Estados Unidos, sobre esse tipo de ação. Segundo o defensor, na maioria dos casos os autores dos crimes não são levados a sério até a efetivação do ataque.
Também a partir dessa literatura, que inclui o livro School Shooters [Atiradores em Escolas], do psicólogo Peter Langman, Feller disse que o adolescente acusado foge ao padrão dos autores de massacres, que buscam notoriedade pelos seus feitos. “Todos os atiradores que sobreviveram confessaram os ataques, muito para aparecer”, comparou. O jovem apreendido nega participação seja no planejamento, seja na ação.
O jovem foi apreendido no último 19, segundo Ministério Público, após diligências da polícia analisarem o conteúdo de celular e tablet do jovem e indicarem a participação dele no planejamento das mortes. A investigação tramita em sigilo.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de Estado de São Paulo, o caso é investigado em um inquérito policial da Delegacia de Suzano, com apoio do Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa da Seccional de Mogi das Cruzes. Pelo menos 31 testemunhas já foram ouvidas.
O ataque à escola, ocorrido na manhã da última quarta-feira (13), foi provocado por dois ex-alunos - um adolescente de 17 anos e um rapaz de 25 anos - encapuzados e armados. Dez pessoas morreram: duas funcionárias da escola, cinco alunos, um comerciante que era tio de um dos atiradores e os dois atiradores. O atentado deixou ainda 11 feridos. Com informações da Agência Brasil.