Netanyahu encurta viagem aos EUA após foguete atingir Tel Aviv

Para Netanyahu, conhecido por apoiadores como "sr. Segurança", é necessária uma demonstração de que pode continuar a proteger os cidadãos

© Leah Millis/Reuters

Mundo primeiro-ministro 25/03/19 POR Folhapress

 

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A duas semanas das eleições legislativas de 9 de abril -e a seis dias da chegada do presidente brasileiro Jair Bolsonaro-, um ataque na manhã desta segunda-feira (25) no centro de Israel pode embaralhar as cartas da política nacional e levar a um novo conflito na Faixa de Gaza.

O lançamento de um foguete deixou sete feridos e uma casa destruída em Tel Aviv, fazendo sirenes dispararem na cidade.

Ainda de manhã, militantes e líderes do Hamas deixaram bases do grupo para se esconderem em abrigos subterrâneos, na expectativa da reação israelense. A reação efetivamente começou por volta das 17h45 (12h45 no horário de Brasília), 12 horas depois do ataque a Israel.

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Pressionado pelas recentes pesquisas eleitorais -que apontam vitória para seu principal rival-, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu encurtou a visita que fazia a Washington para voltar ao país.

Afinal, seu partido, o conservador Likud, disputa a reeleição com a aliança de centro Azul e Branco, encabeçada por três ex-chefes das Forças Armadas liderados pelo general da reserva Benny Gantz. Para Netanyahu, conhecido por apoiadores como "sr. Segurança", é necessária uma demonstração de que pode continuar a proteger os cidadãos.

Nesse contexto, o encontro com o presidente dos EUA, Donald Trump, que aconteceu na tarde desta segunda, e o apoio do presidente brasileiro podem ajudar Netanyahu a abocanhar mais votos.

De Bolsonaro, Netanyahu espera um anúncio mais concreto sobre a transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, medida que ainda não foi confirmada.

De Trump, o premiê recebeu o que esperava: o presidente americano reconheceu formalmente, por meio de decreto presidencial, as Colinas de Golã como parte de Israel, decisão polêmica imediatamente criticada pelo governo da Síria. Israel ocupa as colinas estratégicas desde 1967 e anexou unilateralmente a região em 1981.

Netanyahu disse ao presidente Trump que "Israel não tolerará o disparo de foguetes em seu território e fará o que for preciso para proteger seus cidadãos".

A mando da cúpula política, o Exército israelense convocou reservistas e declarou a área no entorno da faixa de Gaza como "área militar fechada", além de deslocar baterias antiaéreas do Domo de Ferro, um sistema de interceptação de foguetes, por todo o país.

O ataque começou às 5h20 (0h20 no horário de Brasília), quando um foguete de longo alcance lançado de Rafah, na fronteira de Gaza com o Egito, atingiu uma casa no "moshav" (pequena comunidade) Mishmeret, ao norte de Tel Aviv. O projétil viajou 120 km.

Alertados pelas sirenes que soaram por toda a região, a família Wolf correu para o "quarto protegido", espécie de cômodo com paredes reforçadas e janelas de aço que funcionam como abrigos antiaéreos. Foi o que salvou os seis membros da família e uma vizinha.

Pai, mãe e três filhos (duas crianças de 12 e três anos, além de um bebê de seis meses) tiveram ferimentos leves. Apenas a avó de 59 anos se feriu com mais gravidade, mas não corre perigo de morte. O foguete continha balas de aço e estilhaços para aumentar o dano.

"Podemos confirmar que o Hamas é responsável por disparar um foguete de fabricação caseira", afirmou o Exército israelense, em nota.

Porém, também em comunicado, o Hamas negou ter feito o disparo, afirmando que se tratou de um "engano".

Foi a mesma reação do grupo islâmico após o disparo de dois foguetes contra Tel Aviv no dia 14 de março. Na ocasião, os projéteis não atingiram prédios, explodindo no ar. Mas as sirenes de alerta levaram pânico à cidade costeira.

Como no caso dos foguetes contra Tel Aviv, o sistema antiaéreo Domo de Ferro também não conseguiu interceptar o ataque à casa em Mishemeret.

Isso porque as baterias do sistema estão localizadas na fronteira com Gaza ou no extremo norte de Israel, na fronteira com o Líbano. Ninguém imaginava que Mishmeret, na região de Sharon, onde ficam cidades de classe média alta, pudesse ser alvo.

"Temos prioridades operacionais", justificou o assessor de imprensa do Exército, o general Ronen Manelis.

Temendo uma deterioração da situação, prefeituras de cidades como Tel Aviv, Rishon LeTzion, Petah Tikva e Ashdod, entre outras, ordenaram a abertura de abrigos antiaéreos públicos. As aulas em cidades próximas à fronteira com Gaza foram canceladas.

Nos últimos 18 anos, o Hamas lançou 12 mil foguetes, mísseis e morteiros contra Israel.

"Em vez de dedicar seus recursos ao bem-estar, educação e saúde da população civil de Gaza, o Hamas investe na produção e lançamento de foguetes, na construção de túneis de terror, no apoio a incêndios criminosos e outros tipos de atividades terroristas contra Israel", reagiu o Ministério das Relações Exteriores de Israel, em comunicado.

A escalada da tensão acontece poucos dias antes do Dia da Terra (1° de abril), data lembrada pelos palestinos com manifestações contra Israel. Desde o Dia da Terra de 2018, palestinos de Gaza -apadrinhados pelo Hamas- realizam protestos na fronteira com Israel e lançam balões ou pipas com material incendiário contra solo israelense.

Mas os protestos estão, aos poucos, voltando-se contra o próprio Hamas. Muitos palestinos têm saído às ruas de Gaza para se manifestar contra a situação econômica do território com 2 milhões de pessoas. O desemprego alcança mais de 60%, há falta de energia elétrica e de água. Quanto mais desafiadora a posição do Hamas contra Israel, mais essas dificuldades continuam.

Desde que o Hamas tomou o controle de Gaza, em 2007, Israel e Egito cortaram relações econômicas com o enclave. O boicote -chamado por muitos de bloqueio- levou a economia regional à situação atual. Com informações da Folhapress.

 

 

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