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ANGELA BOLDRINI E THIAGO RESENDE - BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Em meio à crise de articulação da Previdência, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou que não vê como um problema a desistência do ministro da Economia, Paulo Guedes, de explicar a reforma para os parlamentares na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
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"Eu disse a ele: 'ministro, o senhor já deu demonstrações de que respeita o Parlamento brasileiro, se a sua decisão for essa eu pessoalmente como presidente da Câmara vou respeitar'", afirmou Maia.
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O ministro compareceria à reunião desta terça-feira (26) do colegiado para responder a perguntas de parlamentares, mas desistiu de vir à Câmara alegando que será "mais produtivo" quando houver relator definido.
Maia cobrou do presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR) a indicação do relator da matéria. O responsável pelo parecer seria indicado na última quinta-feira (21), mas a reunião foi cancelada a pedido dos partidos, que queriam fazer o anúncio apenas após a vinda de Guedes.
"Como ele [Guedes] não tem se furtado ao debate com a Câmara, eu pelo menos entendo que ainda tem tempo para o debate, eu acho que o presidente da CCJ podia indicar o relator e antes de votar a gente combina uma data para o ministro vir", disse Maia.
Os partidos do centrão têm atuado para blindar Guedes e jogar o desgaste pelo atraso da reforma no colo do Planalto e do PSL. Líderes já afirmaram, por exemplo, que derrubarão a votação de um requerimento apresentado pelo PSOL para convocar o ministro para a comissão.
Maia afirmou que acha ideal que o relator designado seja do PSL, partido do presidente, posição ecoada por líderes do centrão.
"Me dá a impressão que facilita, porque é o partido do presidente, vai ser mais fácil conversar com ministros do governo, com o líder do governo para construir um diálogo com a maioria", afirmou Maia.
A estratégia do centrão ao sugerir que o relator seja do PSL é também de tirar de si o peso da aprovação da reforma, deixando tudo nas mãos do partido do presidente.
"O recomendável é que o presidente designe ao alguém do próprio partido nas duas [CCJ e comissão especial]", afirmou Elmar Nascimento (DEM), líder do partido na Câmara.
Ele não quis responder sobre o relacionamento com o presidente Jair Bolsonaro, com quem trocou farpas nas últimas semanas.
"Eu já disse que sou presidente da Câmara, cuido do meu quadrado", respondeu quando questionado sobre se achava que havia empenho do Planalto na aprovação da reforma.
Maia também defendeu a decisão de partidos do centrão de apoiarem a retirada das mudanças no BPC (Benefício de Prestação Continuada) e da aposentadoria rural da reforma.
"Eu acho que é uma boa iniciativa, acho que os dois temas tem mais atrapalhado do que ajudado a discussão da reforma", disse.