© Yara Nardi / Reuters
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após resgatar imigrantes provenientes da Líbia, um navio petroleiro foi sequestrado no Mar Mediterrâneo e teve sua rota desviada em direção à Europa nesta quarta-feira (27).
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O barco Elhiblu I, com bandeira do Palau, resgatou um grupo de 108 imigrantes na noite de terça-feira (26) em águas internacionais, onde a guarda costeira líbia é encarregada das operações, e seguiu para Trípoli (capital da Líbia).
Porém, quando se aproximava do porto (a cerca de seis milhas náuticas, pouco mais de 11 km), mudou repentinamente de direção.
Segundo o jornal italiano Corriere della Sera, os imigrantes teriam sequestrado a embarcação após perceberem que ela os levaria de volta à Líbia.
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Uma porta-voz das Forças Armadas de Malta, ilha que pertence à União Europeia e fica entre a costa da Líbia e a Sicília, disse o país não autorizará o navio a aportar em sua costa.
Ela também informou que a embarcação está sendo monitorada pelas autoridades maltesas.
"Este deve ser o primeiro ato de pirataria cometido por imigrantes.", afirmou o ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, após anunciar que não autorizará a entrada do navio nas águas italianas caso se dirija à costa siciliana. "Não se trata de náufragos, mas de piratas".
"Esta é uma clara demostração de que não estamos diante de operações de socorro de pobres náufragos que fogem da guerra, mas de tráfico criminoso de seres humanos", acrescentou.
Há anos os barcos comerciais que circulam perto de Líbia resgatam os imigrantes.
Desde que a Líbia assumiu o controle dessas operações, a orientação do governo para os navios que fazem esses salvamentos é rumar em direção a um porto líbio, o que gera desespero entre os imigrantes, já que muitos arriscam a própria vida para fugir do país.
Desde 2014, a Líbia está dividida entre governos e facções militares rivais baseadas na região leste e oeste, o que levou o país a uma grave crise política e econômica.
Em várias ocasiões os imigrantes que foram escoltados de volta à Libia se negaram a descer à terra, sendo retirados à força das embarcações pelas autoridades líbias.
Na semana passada, o vice-secretário geral dos Direitos Humanos da ONU, Andrew Gilmour, condenou a tortura e a violação de direitos que sofreram muitos migrantes na Líbia e pediu à União Europeia que reconsidere seu apoio à guarda costeira líbia.