© Reuters / Adriano Machado
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Após suspender os pagamentos do bônus de 2018 a seus executivos, a Vale propõe atrelar o benefício dos próximos anos à evolução dos trabalhos de reparação dos danos provocados pelo rompimento de mina em Brumadinho (MG).
O desastre, ocorrido no dia 25 de janeiro, deixou até o momento 216 mortos e lançou uma onda de lama sobre a zona rural do município e o rio Paraopeba. Segundo as autoridades, 88 pessoas permanecem desaparecidas.
Na proposta de remuneração que enviará a assembleia de acionistas no dia 30 de abril, a Vale condiciona 40% do bônus à reparação dos danos. Outros 40% são condicionados a metas financeiras e os 20% restantes, a indicadores de saúde, segurança e meio ambiente.
O texto não explica, porém, como será calculada a parcela referente a reparação do acidente. Diz apenas que serão avaliados itens como acordos jurídicos, continuidade operacional, reputação e gestão de comunicação e reestruturação organizacional e cultural.
Logo após o desastre, a mineradora anunciou a suspensão do pagamento de bônus a executivos e de dividendos a acionistas com relação ao resultado de 2018, quando lucrou R$ 25,6 bilhões.
Os bônus ficarão suspensos, segundo a empresa, "até que se tenha mais clareza dos resultados da investigação em curso". Em 2017, a companhia pagou à diretoria R$ 3,1 milhões em bônus.
Já os dividendos ficaram restritos a R$ 7,7 bilhões antecipados a acionistas em 2018. O valor é superior ao mínimo exigido pela legislação, que equivale a 25% do lucro líquido, após alguns descontos.
Na assembleia, a Vale proporá aumentar de 12 para 13 o número de vagas em seu conselho de administração. Dos membros atuais, três executivos ligados à Previ, o fundo de pensão dos empregados do Banco do Brasil, serão substituídos.
A fundação disse que o processo de substituição é natural, sem relação com o acidente. Já os executivos indicados pelos outros controladores, Bradesco e a japonesa Mitsui, devem ser reconduzidos.
A pedido da força-tarefa que investiga as causas do desastre, três diretores e o então presidente da companhia, Fabio Schvartsman, se afastaram de seus cargos no início de março.
Uma semana depois, também a pedido das autoridades, o conselho da empresa afastou outros dez funcionários ligados à segurança de barragens e à gestão das operações em Brumadinho.
Dentre eles, sete chegaram a ser presos pela força-tarefa, que acusa a empresa de pressionar consultorias responsáveis pela certificação da estabilidade de barragens. Com informações da Folhapress.