© REUTERS / Adriano Machado (Foto de arquivo) 
THAIS BILENKY - BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o ex-governador paulista Geraldo Alckmin, presidente nacional do PSDB, terão uma reunião na quinta-feira (4), revelou o tucano à Folha de S.Paulo.
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O encontro faz parte do esforço de articulação de Bolsonaro para formar uma base aliada no Congresso e aprovar a reforma da Previdência.
O presidente afirmou, durante sua viagem a Israel, que passará a dedicar mais tempo a reuniões com congressistas, líderes e dirigentes partidários.
Ele também marcou audiências com os presidentes do DEM, ACM Neto, do PP, Ciro Nogueira, do MDB, Romero Jucá, do PRB, Marcos Pereira, e do PSD, Gilberto Kassab.
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Bolsonaro e Alckmin foram adversários na campanha eleitoral de 2018. Candidato que conseguiu o apoio do centrão, o tucano fez duro embate com o capitão reformado.
Ao longo da disputa, Alckmin chamou Bolsonaro de "candidato da bala" e o associou a atraso.
"O que anda para trás é caranguejo. O Brasil não vai regredir. Bolsonaro e PT é a mesma coisa, corporativismo puro, não tem interesse público", chegou a dizer o tucano.
"Estou aguardando alguém da sua laia me chamar de corrupto", reagiu Bolsonaro à época.
Os embates também chegaram aos programas de TV.
A campanha de Alckmin pôs no ar vídeos mostrando o adversário xingando e empurrando mulheres. "Você gostaria de ser tratada deste jeito?", questionava a peça.
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O hoje presidente respondeu em entrevistas e nas redes sociais, já que possuía ínfimo tempo de televisão. "Está o chuchu me atacando o tempo todo. Aquele cara acusado de roubar a merenda de nossos filhos", afirmou, citando a máfia da merenda, que levou políticos paulistas à prisão por suspeita de recebimento de propina.
O encontro nesta semana será o primeiro entre os dois anunciado publicamente.
A agenda do presidente com dirigentes partidários é uma guinada em sua postura. Desde a campanha eleitoral, Bolsonaro desprezava a articulação política tradicional.
Sem conversar diretamente com dirigentes, ele tentou costurar alianças com partidos por meio de aliados.
Foi assim com o ex-senador Magno Malta (PR-ES). Bolsonaro convidou o então amigo para a vice em sua chapa, o que traria o tempo de TV do PR para sua candidatura. Não conseguiu -o PSL fechou aliança apenas com o PRTB do vice Hamilton Mourão.
Depois de empossado, o presidente manteve a retórica contra o que ele chama de velha política, associando articulação com o Congresso a corrupção e fisiologismo.
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Na composição de seu ministério, não deu espaço para indicações de partidos, disse que priorizaria bancadas temáticas em detrimento de legendas e relutou em receber dirigentes.
Nesta semana, prestes a completar cem dias de governo, inflexionou.
"Estou pronto para o diálogo, na medida do possível atendo parlamentares. Alguns acham que estou fazendo pouco. Vamos agora deixar pelo menos meio dia da minha agenda no Brasil para atender deputados e senadores", disse à Record.