© Paulo Whitaker / Reuters
EDUARDO SODRÉ (FOLHAPRESS) - O acordo de livre comércio com o México não vai mudar em nada a vida da Kia Motors do Brasil. A afirmação é de José Luiz Gandini, presidente da empresa sul-coreana no país. A marca tem uma fábrica no município de Pesquería, no norte do país, que começou a operar em 2016. "O carro mexicano é muito mais caro que o carro sul-coreano", diz o executivo.
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Segundo Gandini, a diferença nos custos não é compensada pela isenção de 35% do imposto de importação que beneficia os veículos produzidos no México. Ele também não espera uma alta expressiva dos emplacamentos -hoje, as vendas da marca estão dentro das cotas estabelecidas anteriormente, o que já garantia a isenção de impostos.
Atualmente, o único automóvel trazido do México pela Kia é o sedã médio Cerato (R$ 76 mil), que teve 547 unidades comercializadas no primeiro trimestre, de acordo com a Fenabrave (entidade que reúne as distribuidoras de veículos). O modelo mais vendido da marca no Brasil é o utilitário Sportage, produzido na Coreia do Sul. O modelo, que custa a partir de R$ 113 mil, teve 1.005 unidades emplacadas entre janeiro e março.
Grandes volumes só seriam atingidos caso o compacto mexicano Kia Rio começasse a ser importado. Contudo, Gandini afirma que o modelo não teria preço competitivo com o dólar atual. O executivo, que também é presidente da Abeifa (associação que representa as importadoras de veículos), está mais preocupado com problemas na aprovação da reforma da Previdência. Na opinião dele, um desfecho favorável ao governo nesse processo faria a moeda americana estacionar na casa de R$ 3,70.
Outra esperança é uma alteração no imposto de importação. Gandini afirma que há uma possibilidade de redução para 15% ainda no primeiro semestre, mas essa mudança ainda estaria em estudo e sem confirmação do Ministério da Fazenda. "Se isso ocorrer, anula o efeito câmbio", diz o presidente da Kia.
Para a Anfavea (associação nacional dos fabricantes de automóveis), o acordo de livre comércio sem cotas coloca em risco a indústria nacional. Os custos menores de produção no México tornariam o Brasil menos atraente. Contudo, essa avaliação não é unânime entre as associadas.
"O fluxo não é mais como antes, não tenho preocupação com uma invasão de produtos mexicanos e acredito que o acordo permite que façamos uma complementação. Hoje, pelos custos, é impossível produzir localmente nossa linha completa de veículos, há muita diversidade de tecnologias", diz Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford na América do Sul. Hoje, a Ford traz do México o sedã Fusion. A montadora aguarda a definição sobre o local de produção do novo utilitário Escape, que também pode ser montado naquele país.