Incompleto e problemático, muro de vidro da USP completa um ano

Estrutura teve 44 paineis quebrados por trepidações, aponta polícia. Prefeitura diz não ter responsabilidade e USP fará ajustes no projeto

© H_BALLARINI/Fotos Públicas

Brasil Marginal Pinheiros 04/04/19 POR Estadao Conteudo

Inaugurado há exato um ano, o muro de vidro da Raia Olímpica da Universidade de São Paulo (USP) - localizado ao lado da Marginal do Pinheiros - tinha como proposta integrar a universidade e o entorno, mas a estrutura coleciona desde então 44 painéis de vidro quebrados e até agora a obra não foi finalizada.

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Desde 20 de abril do ano passado, já foram registrados 36 boletins de ocorrência, que relatam os danos nos 44 painéis de vidro. De acordo com a Polícia Civil, laudos do Instituto de Criminalística (IC) não apontaram indícios de vandalismo nas placas quebradas e o problema foi causado por trepidações - o muro foi instalado ao lado de uma das vias mais movimentadas da capital.

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Embora não seja responsável pela USP, a Prefeitura de São Paulo fez o anúncio da instalação do muro de vidro, em julho de 2017, quando o governador João Doria (PSDB) era prefeito. Na ocasião, foi informado que empresas parceiras fariam a doação dos materiais e que a estrutura de concreto seria substituída por um painel de vidro de 2,2 km de extensão. Com três metros de altura e dez milímetros de espessura, o muro teria placas feitas com material cinco vezes mais resistente do que o vidro comum. O valor do projeto era de R$ 15 milhões.

Pouco mais de duas semanas depois da inauguração, começaram os episódios de quebra dos vidros. Inicialmente, a suspeita era de que se tratavam de casos de vandalismo. "Os laudos do Instituto de Criminalística não apontaram nenhum crime. Nenhum apontou que os vidros foram quebrados por tiro ou pedra. São 586 placas de vidro e 44 já quebraram, mas a maioria foi reposta", afirma Rubens Nunes Paes, delegado titular do 93.° DP (Jaguaré).

A reportagem esteve nesta quarta-feira, 3, no local e contou 17 placas de vidro quebradas. Ao longo da instalação, havia três cavaletes com vidros para reposição expostos e o mato cobria a estrutura. Algumas peças estavam quebradas. Em um trecho, ainda há muro de concreto.

Professora do Departamento de Engenharia de Materiais e pesquisadora do Laboratório de materiais vítreos da Universidade de São Carlos (UFSCar), Ana Candida Martins Rodrigues diz que um amortecimento do vidro poderia ajudar. "Entre o metal e o vidro, poderia ter uma camada de borracha para tentar amortecer essa vibração."

Segundo Ana Candida, o projeto foi pioneiro e não há outro muro de vidro em grandes cidade. "Pode ser que tenha sido um projeto ousado demais, porque o trânsito é mais do que pesado naquele trecho, mas seria difícil prever isso, porque o vidro é um material resistente."

Ajustes

Em nota, a universidade disse apenas que as obras "estão paralisadas desde o último trimestre do ano passado à espera de um necessário ajuste no projeto de instalação, que deve envolver a Prefeitura, as empresas e a universidade".

Também em nota, a Prefeitura afirmou que a "obra não é de responsabilidade do município" e que doou 84 câmeras à USP, que fez a instalação dos equipamentos. Nesta quarta, o prefeito Bruno Covas (PSDB) não descartou a possibilidade de a Prefeitura ajudar na finalização do projeto. "O município está, inclusive, à disposição para, se for o caso, terminar a obra com recurso público."

Procurada, a assessoria do governador informou que Doria não comentaria o caso.

Empresas que participaram do projeto foram procuradas pela reportagem. Anunciada como uma das investidoras do projeto, a Prevent Senior disse que o destino da doação foi decidido pela universidade. A Guardian Glass afirmou que se comprometeu com a doação de 15 mil m² de vidros em formato de chapas e que seguiu especificações do escritório de arquitetura responsável. O projeto foi doado pelo escritório de design Jóia Bergamo, que não deu retorno até a publicação desta matéria. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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