Boa política não envelhece, diz Alckmin após encontro com Bolsonaro

Ex-governador de São Paulo se reuniu com o presidente nesta quinta-feira (4)

© Reuters

Política Declaração 04/04/19 POR Folhapress

GUSTAVO URIBE E THAIS BILENKY - BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Seu adversário na campanha de 2018, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) rebateu o discurso contra a velha política feito pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), após encontro entre os dois nesta quinta-feira (4) no Palácio do Planalto.

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"Não existe nova e velha, existe boa e má política. A boa política não envelhece", afirmou Alckmin, presidente nacional do PSDB.

O tucano afirmou que o PSDB manterá sua posição de independência em relação ao governo, "não há nenhum tipo de troca, não participaremos do governo, não aceitamos cargo do governo, e votamos com o Brasil".

Depois de seguidas declarações de Bolsonaro associando negociações com o Congresso a corrupção e seu embate com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Alckmin defendeu o diálogo. "Quanto mais a gente ouve, menos a gente erra. Política não é troca-troca, é o diálogo", disse.

Ele citou Ulysses Guimarães, que presidiu a Câmara e liderou a campanha pela redemocratização no fim da ditadura militar (1964-1985). "Saber ouvir é uma grande virtude. Dr. Ulysses, que era um estadista, dizia que o homem tem dois ouvidos e uma boca para ouvir mais do que fala", lembrou.

+ Por reforma, Bolsonaro inicia articulação com nomes da 'velha política'

Alckmin e Bolsonaro tiveram embates públicos durante a campanha. Mas na reunião nesta quinta, "a conversa foi boa", segundo o tucano. "O presidente me cumprimentou falando, 'olha, votei em você nas últimas eleições'", afirmou. "Dr. Ulysses lembrava, não se guarda ressentimentos na geladeira."

O presidente do PSDB defendeu a aprovação da reforma da Previdência, mas fez ressalvas ao texto apresentado pelo governo.

"O importante na reforma é idade mínima e tempo de transição. A reforma é muito complexa, muito detalhista, muito longa", comentou. "Nós não aprovaremos nenhum benefício menor que um salário mínimo.

O BPC (Benefício de Prestação Continuada) nós somos contra, como também a questão rural. Se há diferença de idade na área urbana, por que não há na área rural?", questionou.

O texto prevê que homens e mulheres se aposentem aos 60 anos no campo e 65 e 62, respectivamente, na cidade.

"A reforma da Previdência precisa ser centrada em dois objetivos. O primeiro é justiça social. Não é possível permitir privilégios e é preciso proteger aqueles que mais precisam", afirmou Alckmin.

Para ele, o setor público é fator de concentração de renda. "Altos salários [são] pagos pelo trabalhador de menor renda, através de impostos indiretos. Por isso sempre defendi o Regime Geral de Previdência Social, um regime igual para todos", afirmou.

"Temos um sistema de distribuição de renda, que é o regime geral. São mais de 33 milhões de aposentados e pensionistas, 70% ganha um salário mínimo, a média é R$ 1.390 e ninguém ganha mais que R$ 5 mil."

O segundo objetivo é de natureza fiscal, para aliviar as contas públicas, afirmou o tucano. "Não é possível ter mais de 5% do PIB de déficit somando o regime geral da Previdência e os regimes próprios dos governos", disse Alckmin.

O PSDB não vetará que seus quadros relatem a reforma ao longo da tramitação no Congresso, segundo o presidente do partido.

O tucano embarcará nesta quinta para Boston, nos Estados Unidos, para participar da Brazil Conference, evento sobre o país na universidade Harvard. Participará de um debate com outros dois ex-presidenciáveis, Ciro Gomes (PDT) e Henrique Meirelles (MDB).

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