© REUTERS / Adriano Machado (Foto de arquivo) 
RAQUEL LANDIM - SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, refutou pessoalmente o pleito das montadoras de reestabelecer o sistema de cotas que regulava o comércio automotivo entre Brasil e México.
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Em reunião na sexta-feira (29), no Rio de Janeiro, Guedes disse a representantes de três gigantes do setor -General Motors, Fiat e Volkswagen- que chegou a hora de abrir a economia.
Segundo pessoas presentes ao encontro, o clima foi tenso. Um auxiliar do ministro chegou a afirmar que as montadoras receberam R$ 20 bilhões de subsídios em cinco anos, incluindo regimes regionais de apoio.
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Do lado do governo, Guedes chegou acompanhado de sete subordinados, incluindo três secretários: Marcos Troyo (Comércio Exterior), Carlos Costa (Produtividade) e Marcos Cintra (Receita Federal).
Estiveram presentes cinco executivos, entre eles Antonio Filosa, presidente da Fiat, Carlos Zarlenga, presidente da GM, e Antonio Megale, diretor de Assuntos Governamentais da Volks.
A reunião foi marcada após um pedido do governador de São Paulo, João Doria, que teria relatado ao ministro a queixa da GM de que o livre-comércio com o México pode comprometer os investimentos planejados pela empresa em troca de incentivos fiscais estaduais.
Desde o dia 19 de março, carros e autopeças circulam entre os dois países sem pagar tarifa de importação. As montadoras disseram a Guedes que o Brasil não é competitivo o bastante para isso.
Argumentaram ainda que as empresas mexicanas seriam favoráveis à retomada das cotas, desde que acompanhadas de uma regra de origem mais branda. Quando o livre-comércio foi estabelecido, a exigência de peças produzidas localmente subiu de 35% para 40%.
Guedes respondeu que o Brasil vai voltar a negociar com o México a partir da segunda quinzena de abril. O objetivo, porém, seria abrir mercados. O governo quer trocar a redução no conteúdo local dos carros por um acordo amplo, que contemple ônibus e caminhões e eventualmente outros setores da economia.
Guedes também teria enumerado os esforços que vem fazendo para melhorar a competitividade das empresas, com desburocratização, o encaminhamento da reforma da Previdência e os planos de reforma tributária. Em razão disso, disse ele, não seria necessário reestabelecer as cotas com o México.
A reunião entre Guedes e as montadoras marca uma mudança importante de posição do governo federal. Nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, do PT, o setor foi agraciado com regimes especiais de impostos.
O momento, no entanto, é delicado. Com os lucros em queda, as montadoras vêm ameaçando com demissões. A Ford, por exemplo, vai fechar a unidade de São Bernardo do Campo (SP).
Representantes de Fiat, Volks e GM não responderam aos contatos. O Ministério da Economia não comentou.