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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Após a indicação do presidente Jair Bolsonaro (PSL) sobre provável demissão do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, políticos, militares e seguidores de Olavo de Carvalho trabalham para emplacar o substituto.
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Em café com jornalistas, Bolsonaro promete resolver a situação até segunda-feira (8).
O entrave para o governo é lidar com os grupos que atuam no governo e no MEC, e cuja disputa ajudou a enfraquecer Vélez no cargo. A escolha pode, ao privilegiar alguma tendência, intensificar o racha que marcou a gestão do colombiano no ministério.
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Dos cinco nomes ventilados, três ganham força por contarem com apoios importantes nos bastidores. Os mais fortes são o do presidente da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), Anderson Ribeiro Correia, do senador Izalci Lucas (PSDB-DF) e de Eduardo Melo, ligado ao grupo mais ideológica que atua no governo.
Anderson, da Capes, é engenheiro e foi reitor do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). Além da ligação direta com os militares, é evangélico e tem a simpatia da bancada evangélica, cujos integrantes reforçam também o currículo consistente. A nomeação de Izalci para o MEC tem sido defendida desde o ano passado por parte da bancada evangélica. O fato de ser filiado ao PSDB, no entanto, é visto como entrave.
Tanto Anderson quanto Izalci encontram resistência do grupo de discípulos do escritor Olavo de Carvalho, guru ideológico do governo: Izalci, por ser político, e Anderson, por ser militar e ter alguma ligação com ex-integrantes do MEC que Vélez foi forçado a demitir durante a crise atual.
Os olavistas apostam em Eduardo Melo, ex-militar e religioso. Em março, foi exonerado do MEC mas ganhou o segundo cargo cargo mais importante, de diretor geral adjunto, na Associação Roquette Pinto, que gerencia a TV Escola.
Desde o início de março, quando a dança das cadeiras começou no MEC, alunos e seguidores de Olavo de Carvalho têm agido de forma articulada nas redes sociais com ataques direcionados a quem represente dentro do MEC posição divergente das convicções ideológicas do grupo. O que não inclui pouca ligação com o diagnóstico dos desafios da educação brasileira.
Os ataques do grupo atingiram militares, técnicos oriundos do Centro Paula Souza e o próprio ministro. Na cúpula do governo, os olavistas contam com apoio do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL), filho do presidente, e do assessor de Bolsonaro para assuntos internacionais, Filipe Martins.
Outros dois nomes também estão na disputa. O do ex-ministro da Educação Mendonça Filho (DEM) e do presidente do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), Carlos Alberto Decotelli.
Embora não totalmente descartada, a ascensão para a posição de ministro do atual secretário-executivo da pasta, brigadeiro Ricardo Machado Vieira, não tem sido uma aposta. Vieira chegou ao ministério com a missão de colocar ordem na casa. No meio militar, a ideia corrente é que ele continue com a função executiva, sem se expor politicamente como ministro.