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A menos de dez dias para o início do Campeonato Brasileiro, o torcedor começa a encarar a possibilidade real de não ter como acompanhar todos os 380 jogos ao vivo pela televisão. A nova forma de negociação de contratos e a falta de acordo entre a Globo com Palmeiras e Athletico-PR forçam o surgimento de uma lacuna na programação.
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O primeiro impacto poderá ser sentido já na segunda rodada. O duelo entre CSA e Palmeiras, em Maceió, não tem contrato de transmissão em nenhum canal. A tendência é a situação se repetir com essas equipes em outros seis confrontos nas noves primeiras rodadas que tiveram a tabela desmembrada até agora pela CBF.
A partir desta temporada, os clubes passaram a fazer negociações individuais pelos direitos de transmissão para os anos de 2019 a 2024 e não mais em acordos coletivos. A entrada da Turner no mercado nacional, responsável pelos canais TNT e Space, alterou a concorrência.
Sete times optaram pela empresa para os contratos na TV fechada e recusaram o SporTV.
Essa decisão repercutiu nas outras duas plataformas de negociação: TV aberta e pay-per-view. Palmeiras e Athletico-PR não aceitaram os valores da Globo, que ofereceu contratos com redução de até 20% para quem havia fechado com a Turner. A medida foi adotada como forma de compensar o impacto do acordo dessas equipes nos negócios da emissora do Rio.
Para transmitir uma partida no Brasil é necessário que os dois times em campo tenham contratos com a mesma emissora, de modo que a Série A pode entrar para a história como o primeiro a ter buracos na programação nos últimos 30 anos. Afinal, desde 1987, com a criação do Clube dos 13, a negociação dos direitos de transmissão entre clubes e Globo nunca havia passado por abalos.
O buraco na grade começa pela TV aberta. O Palmeiras é o único dos 20 clubes a não ter fechado com a Globo. A situação é um pouco diferente no pay-per-view. Além do Palmeiras, o Athletico-PR também não fechou contrato ainda. Já na TV fechada, só 52% dos jogos serão transmitidos. A cobertura vai contemplar apenas partidas entre adversários que estejam sobre o mesmo contrato.
Procurados pela reportagem, Athletico, Palmeiras e Globo não se manifestaram. Mas o Estado apurou que os acordos continuam distantes. Dirigentes ligados às negociações consideram mais provável o Brasileirão começar com o impasse e ter uma possível resolução apenas nos próximos meses.
A situação já começou a mexer com os torcedores. Nas últimas semanas, o Procon-SP, órgão de direito do consumidor, recebeu reclamação de que os pacotes de pay-per-view oferecidos por algumas operadoras deveriam ter valor menor por oferecer menos jogos na programação.
O órgão notificou cinco empresas para cobrar esclarecimentos e agora analisa essa informações. As operadoras foram procuradas pelo Estado e algumas lamentaram o impasse sobre o s direitos de transmissão. "Esperamos que as negociações cheguem a um bom termo, que permita atender aos interesses de todos os envolvidos, clubes e programadoras de canais de TV e, principalmente, viabilize o acesso dos torcedores", informou, por nota, a Claro.
A Vivo explicou que oferece aos consumidores pacotes flexíveis e afirma não ter sido avisada pela Globo sobre a lacuna. "A Vivo reforça que não recebeu nenhuma comunicação expressa sobre a limitação de jogos."