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A escalação no papel engana. O Corinthians que entrou em campo contra a Chapecoense na quarta-feira, teoricamente, era ofensivo. Tinha dois centroavantes (Boselli e Vagner Love), dois meias armadores (Jadson e Sornoza) e ainda dois volantes que têm como características a boa chegada ao ataque (Richard e Ramiro).
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Mas isso fica só na teoria. Na prática o que se viu em Chapecó foi Vagner Love com uma função semelhante a de um lateral-esquerdo especialmente no primeiro tempo. Boselli tendo que voltar quase como um meio-campista, Sornoza e Jadson batendo cabeça para tentar armar as jogadas, com Richard e Ramiro preocupados apenas em proteger a intermediária.
Para justificar tamanha falta de desinteresse em atacar, o técnico Fábio Carille disse que a equipe ainda está se entrosando, em fase de adaptação, que 23 dos 36 jogadores são novos para a atual comissão técnica. É um argumento válido, mas com quatro meses de trabalho já era o momento de a equipe mostrar ao menos um mínimo padrão ofensivo.
O meia Jadson disse antes do duelo com a Chapecoense que o Corinthians tem uma estratégia bem definida, deixando a entender que o importante não é mostrar um futebol bonito, mas vencedor. O problema aí é que às vezes ter uma estratégia não basta para levantar a taça. Esperar sempre o adversário propor o jogo e vencer em cima do erro nem sempre vai dar certo.
Um clube com a tradição do Corinthians não pode entrar recuado contra nenhum time do interior de São Paulo, por exemplo. Não deveria esperar a Chapecoense definir como irá ao ataque para depois contra-atacar. Um time com o dinheiro que recebe de patrocinadores e dos direitos de TV, com seus pouco mais de 30 milhões de torcedores, tem de fazer a camisa pesar quando entra em campo.
Não precisa de um futebol vistoso, com dribles, toques de efeito e gols de placa. Mas tem de demonstrar vontade e a tradicional raça que fez a torcida crescer mesmo em tempos de jejum de títulos. Não precisa nem ser campeão, mas é necessário mostrar força para querer vencer ao menos por 1 a 0.