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Depois de atingir alto nível epidêmico nas regiões norte e noroeste, a dengue chega às regiões mais populosas do Estado de São Paulo. Maior cidade do interior paulista, Campinas confirmou nesta segunda-feira, 22, que houve 5.493 casos neste ano, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. A doença já causou uma morte e há um óbito em investigação. Outras cidades da região, como Piracicaba, Americana e Jundiaí também tiveram aumentos expressivos no número de pessoas doentes.
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A progressão da doença em Campinas foi rápida. Em janeiro, tinham sido confirmados apenas 48 casos autóctones (contaminação local). Em fevereiro foram registrados outros 336 e, em março, 1.378. Na soma dos casos, a cidade encerrou o mês de março com 1.762 doentes, segundo dados do Centro Vigilância Epidemiológica (CEV) da Secretaria de Saúde do Estado. Em abril, até esta segunda, o número de casos mais que dobrou. Foram 3.731 registros positivos. Há ainda 1.734 casos em investigação.
O vírus que mais circula na cidade é do sorotipo 2, que não tinha presença expressiva desde 2009, aumentando o risco de casos graves da doença. A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde, Andrea Von Zuben, disse que a força de transmissão do vírus está sendo maior que a esperada, mas prevê uma redução de casos a partir de maio. A prefeitura criou uma força-tarefa para controlar o mosquito Aedes aegypti adulto, através de nebulizações, e para eliminar criadouros. No mutirão mais recente, foram recolhidas 2,7 mil toneladas de entulhos.
Outras cidades
Os casos de dengue aumentaram também em Jundiaí, passando de 535 para 659 na última semana. Em Piracicaba, que teve apenas 8 casos em janeiro, agora já são 341 confirmados. A Secretaria da Saúde de Sorocaba também se prepara para uma possível epidemia, embora tenha confirmado poucos casos - 198 até março. Desde janeiro, equipes da Divisão de Zoonoses visitaram 117 mil imóveis em busca de criadouros. As vistorias geraram 379 notificações e 51 multas. Em Piquete, no Vale do Paraíba, um idoso de 72 anos morreu após contrair dengue, na madrugada desta terça-feira, 23. A cidade registrou 32 casos da doença.
Febre Amarela
Em Americana, boletim epidemiológico divulgado nesta segunda causou preocupação à Secretaria de Saúde do município. Além de terem sido confirmados 850 casos de dengue, foram notificados os dois primeiros casos suspeitos de febre amarela em 2019. Normalmente transmitida por mosquitos silvestres em áreas de mata, nas cidades a doença também pode ser passada pelo Aedes aegypti, o mosquito da dengue. A transmissão urbana da febre amarela ainda não aconteceu em São Paulo.
Os pacientes são dois homens, com 69 e 43 anos, respectivamente, que teriam frequentado áreas de mata. O mais idoso morreu de febre hemorrágica, mas a causa do óbito ainda é investigada. O possível local de contaminação também é apurado. Em 2017, a febre amarela silvestre causou a morte de uma pessoa na cidade, mas não houve casos em 2018. Em todo o Estado, este ano, até a segunda semana de abril, tinham sido registrados 65 casos e 12 mortes por febre amarela. Há ainda 69 casos e 6 óbitos em investigação.