Tribunal enterra acusação contra executivos por desastre de Mariana

A 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) trancaram a ação penal, para o crime de homicídio, contra executivos de Vale, Samarco e BHP Billiton em razão da tragédia de Mariana (MG)

© Reuters

Brasil Tragédia 24/04/19 POR Estadao Conteudo

Por unanimidade, os desembargadores da 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) trancaram a ação penal, para o crime de homicídio, aberta em 2016 contra executivos de Vale, Samarco e BHP Billiton em razão da tragédia de Mariana (MG). Na prática, os acusados não vão mais a júri popular - que julga crimes contra a vida -, e fica mantido o processo somente para os crimes ambientais e de inundação, que são previstos no Código Penal.

PUB

No julgamento desta terça-feira, 23, o desembargador julgou os habeas corpus de Sérgio Consoli e Guilherme Ferreira, ambos da BHP, que tinham como defensores advogados do escritório de advocacia Rahal, Carnelós, Vargas do Amaral. Em seu voto, o relator, Olindo Menezes, afirmou que o Ministério Público Federal (MPF) narrou um crime de inundação, mas não apontou elementos para configurar homicídio, pelo qual os executivos são acusados. Ele ressaltou que os outros réus estão na mesma situação e o processo deve ser trancado para todos somente em relação ao crime de homicídio. O voto foi acompanhado pelos desembargadores Cândido Artur Medeiros Ribeiro Filho e Néviton Guedes.

A tragédia de Mariana ocorreu no dia 5 de novembro de 2015. No dia 20 de outubro de 2016, 21 pessoas ligadas às três mineradoras foram acusadas pela Procuradoria da República de Minas pelo crime de homicídio qualificado. A eles também foram imputados crimes ambientais, inundação, desabamento e lesões corporais leves.

As pessoas jurídicas Samarco, Vale e BHP Billiton, responsáveis pela Barragem de Fundão, que se rompeu naquele 5 de novembro, causando a maior tragédia ambiental da história do País, respondem por 12 delitos ambientais.

Decisões

O juiz Jaques de Queiroz Medeiros, da Vara Federal de Ponte Nova, recebeu a denúncia do Ministério Público Federal em novembro de 2016, e pôs todos os acusados no banco dos réus. No entanto, o Tribunal Regional Federal da 1.ª Região absolveu dois da acusação de homicídio qualificado, acolhendo pedidos das defesas, em 2018, em decisões que abriram caminho para que outros habeas fossem impetrados para trancar a ação.

O desembargador Olindo Menezes concedeu habeas, inicialmente, a José Carlos Martins, do Conselho de Administração da Samarco, e André Ferreira Gavinho Cardoso, representante da BHP Billiton na governança da Samarco.

Para Martins, a ação penal foi trancada. Para o desembargador, "não pode ser aceita a tese de que competiria" a Martins, "um dos membros do Conselho de Administração, de 23/03/2005 a 04/04/2013, no cumprimento do dever de agir, fora do seu alcance gerencial, determinar pura e simplesmente a desativação da barragem, por cuja construção, a prevalecer a engenharia do pensamento da denúncia, deveria, também, ser responsabilizado penalmente".

"Teria que ser apontada, em momento ou situação imediatamente anterior à lesão ao bem jurídico protegido, a ação do paciente (garantidor) que pudesse ter evitado o resultado. A denúncia não apontou, na sua conduta, a causalidade de natureza jurídico-normativa, contentando-se com uma suposta causalidade puramente material que, de resto, também, não lhe pode ser imputada, salvo nos domínios da responsabilidade penal objetiva, inadmissível na atualidade penal (art. 13 - CP)", anotou.

Interrupções

Com a decisão do TRF-1, a ação penal deve ser retomada. Após os pedidos das defesas dos executivos das mineradoras para que os habeas corpus concedidos pelo TRF-1 a outros réus fossem estendidos a eles, o juiz federal Jaques de Queiroz Medeiros decidiu suspender os interrogatórios das testemunhas do processo.

Em decisão do dia 15 de outubro de 2018, o magistrado entendeu ser "prudente que se suspenda a oitiva das testemunhas, visando evitar a prática de atos processuais inúteis".

No dia 7 de janeiro, o procurador da República Gustavo Henrique Oliveira pediu "novamente o reagendamento das audiências". "O andamento da ação penal não há de ficar obstruído pela pendência de julgamentos de habeas corpus, já

que eventual alteração de rito (em relação a alguns réus) não invalida atos instrutórios", afirmou.

Na prática, a ação não está suspensa, mas as audiências com as testemunhas são os principais passos para o andamento do processo. Após as oitivas das testemunhas de defesa, os réus serão interrogados. Antes da sentença, ainda haverá espaço para a entrega de alegações finais por parte do Ministério Público Federal e dos acusados.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama Revelação Há 52 mins

Gracyanne Barbosa revela verdadeiro motivo para fim do casamento com Belo

politica JAIR-BOLSONARO Há 1 Hora

Bolsonaro considera pedir refúgio em embaixada caso seja condenado

mundo EUA Há 17 Horas

Homem dado como morto e cremado pela família é encontrado vivo nos EUA

fama Jiare Schneider Há 1 Hora

Influenciador que estava desaparecido é encontrado morto aos 31 anos

esporte Real Madrid Há 1 Hora

Bellingham pede para não tocarem para Mbappé: 'Está jogando contra'

fama Ravi Há 46 mins

Eli chora ao contar que Lua pergunta pelo irmãozinho, que segue internado

fama Andressa Urach Há 17 Horas

Andressa Urach é investigada por apologia a zoofilia após fala no YouTube

lifestyle Signos Há 18 Horas

Pensar para quê? Os três signos mais impulsivos do zodíaco

fama Celebridades Há 23 Horas

Famosas que sofreram violência doméstica quebram o silêncio

fama BELO-CANTOR Há 23 Horas

'Meu documentário não é chapa branca', diz Belo