'O futebol feminino ganhou muito status na CBF', diz Marco Aurélio

Para Marco Aurélio Cunha a equipe apresentou na França um futebol digno, que não decepcionou os torcedores

© Divulgação / CBF

Esporte Dirigentes 25/06/19 POR Estadao Conteudo

Após a eliminação do Brasil no Mundial Feminino, com a derrota por 2 a 1 para a França, na prorrogação, pelas oitavas de final, o coordenador de seleções femininas da CBF, Marco Aurélio Cunha, avisou que o futuro dele e do técnico Osvaldo Alvarez, o Vadão, está nas mãos do presidente Rogério Caboclo. Para o dirigente, a equipe apresentou na França um futebol digno, que não decepcionou os torcedores. Confira a entrevista exclusiva ao Estado.

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Como está planejado o futuro da seleção feminina? Você fica? Vadão fica?

Nós temos um presidente que é o Rogério Caboclo, que gosta do meu trabalho, que gosta também do trabalho do Vadão, sempre declarou isso, gosta de continuidade, mas não posso responder por ele. Tenho feito tudo que posso, estou há quatro anos nessa batalha de trazer o futebol feminino para um patamar mais elevado, acho que a gente conseguiu muita coisa embora muita gente não queira ver.

Quais foram as conquistas?

A gente conseguiu aumentar a visibilidade, o patamar, as oportunidades... Tudo aquilo que a CBF oferece hoje em dia para as jogadoras é igualzinho ao que oferece para o masculino, não há nada que falte para as meninas. Não estamos falando de dinheiro, estamos falando de condições de trabalho. Tivemos até um chef de cozinha com a delegação na França. É fundamental ter todas as questões resolvidas para que elas se sintam bem.

Como a confederação trata o futebol feminino?

O futebol feminino ganhou muito status dentro da própria CBF primeiro porque o antigo presidente Marco Polo (Del Nero) fez isso e agora porque o Rogério Caboclo também faz. Então a gente tem trabalhado muito para seguir num projeto que não importa quem venha à frente, pode ser eu ou qualquer pessoa.

Existe uma crítica de que deveria ter mais mulheres na CBF...

Temos tentado trazer pessoas novas como a Beatriz Vaz, uma menina que foi da seleção brasileira, está há um ano e meio conosco para passar por todas as etapas, para no futuro poder ser uma grande gestora ou treinadora do futebol feminino, preparando o terreno para as mulheres poderem ocupar, não porque são mulheres, mas porque têm capacidade, porque são competentes. Essa é a nossa missão, formar gente competente e não gente que fala muito grosso, ou só fala alto e na verdade não pratica aquilo que fala.

A próxima grande competição da seleção é a Olimpíada. Qual o planejamento?

Para Tóquio é todo um planejamento novo, vamos ver quem vai ficar, se vamos ficar, se virá alguém diferente, é uma questão de sentar com o presidente e resolver. Mas quem classificou o Brasil para Tóquio foi o Vadão. Foi ele quem ganhou a Copa América invicto, e que ninguém foi ver. Não passou um gol na televisão, não saiu em nenhum lugar, mas o Brasil ganhou sete partidas e foi o campeão. Com isso, trouxe a vaga para o Mundial e para a Olimpíada. Agora, o nome de quem vai dirigir o Brasil na Olimpíada passa pelo presidente Rogério Caboclo.

Qual o balanço você faz da participação brasileira?

Eu diria que foi muito boa pelo desempenho esportivo. Nós jogamos quatro partidas, vencemos duas e perdemos duas por um placar apertado. Uma derrota foi para a protagonista da festa, a anfitriã França, um resultado na prorrogação, que nós podíamos ter vencido, tivemos chance de matar o jogo, e para infelicidade nossa tomamos o gol.

O cansaço pesou nesse jogo com a França?

Jogamos no limite físico porque vínhamos de muitas contusões. Para organizar essa equipe, jogar nesse nível, foi feito um trabalho muito bom lá em Portugal, em Portimão, onde nós tivemos todas as condições de trabalhar bem, mas infelizmente nessa época do ano algumas jogadoras vêm de fim de temporada, como Andressa Alves, outras vinham de lesão, como a Erika, que acabou ficando fora, enfim, tivemos problemas para agrupar as jogadoras e dar um padrão. Mas eu acho que o que se apresentou foi muito digno.

A derrota para a Austrália provocou o cruzamento antecipado com a França. Isso atrapalhou?

Lamentavelmente no jogo com a Austrália a arbitragem teve uma participação direta, com um gol irregular em que a atleta que foi lançada estava em impedimento e depois um pênalti escandaloso na Andressa Alves que o VAR nem foi acionado. Se a gente tivesse feito um gol a gente teria pego o segundo ou o primeiro lugar do grupo, aí o chaveamento teria sido menos duro do que jogar contra a anfitriã França. Perder nunca é bom, mas de qualquer forma o Brasil não decepcionou os brasileiros, isso é mais importante do que tudo.

Você acha que o trabalho antes da disputa da Copa do Mundo na França foi positivo?

Fizemos quatro grandes jogos, altíssimo nível, e quando planejamos aqueles amistosos nos quais perdemos muito, tudo por diferença de um gol, em que viajávamos para jogar, atuando abaixo de 0°C, com 4°C, contra as melhores seleções do mundo, não entenderam que era para a gente poder se envolver com esse jogo de alto nível e depois fazer uma boa Copa como a gente acabou fazendo. No detalhe ficamos fora, mas esse é o futebol.

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