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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em uma série de publicações em uma rede social feitas nesta sexta-feira (12), a deputada estadual por São Paulo Janaina Paschoal (PSL) defendeu que Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) recuse o convite para assumir a embaixada do Brasil em Washington, nos Estados Unidos.
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"Muito se está a falar sobre eventual nepotismo, sobre capacidade, sobre ser necessário (ou não) integrar a carreira diplomática. Mas eu analiso a questão sob outro ângulo. O que pensam os quase dois milhões de eleitores do deputado?", afirmou ela em uma das publicações.
A deputada disse que não vê obstáculos jurídicos para a indicação e que não questiona a capacidade do filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), mas afirmou que, por ele ter conquistado muitos votos -foi o deputado federal mais bem votado da história do país- e levado outros deputados para a Câmara, ele teria uma posição de liderança e precisaria exercer esse papel.
"Eduardo tem muito a fazer na Câmara e na presidência estadual do PSL. Sei que o convite é muito tentador. Mas o certo é recusar. Ele assumiu responsabilidades no Brasil. Precisa cumprir. Basta agradecer a deferência e declinar."
Ela concluiu afirmando que o povo "precisa ser respeitado". "Quem fez Eduardo Bolsonaro Deputado Federal foi o povo. Isso precisa ser respeitado. Crescer, muitas vezes, implica dizer não ao pai."
A opinião de Janaina provocou reações dentro da sua própria bancada. O líder do PSL na Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado estadual Gil Diniz, ironizou: "Engraçado ouvir quem não quis deixar São Paulo para ir até Brasília lutar pelo Brasil dizer o que Eduardo Bolsonaro deve ou não fazer!".
Janaina obteve mais de 2 milhões de votos, o que a elegeria para o Congresso Nacional se essa tivesse sido sua escolha. A sua votação recorde ultrapassou inclusive a de Eduardo, que alcançou mais de R$ 1,8 milhão de eleitores.
"Eduardo é um soldado com senso de missão como poucos! A decisão que tomar terá o meu apoio e seu trabalho será importante no BR ou nos EUA", completou Diniz.
Diniz foi assessor parlamentar de Eduardo e é próximo do deputado. À Folha, ele afirmou que sua manifestação não foi direcionada a Janaina, mas a diversos deputados.
CONVITE
O presidente anunciou na quinta (11) que decidiu indicar seu filho Eduardo Bolsonaro como embaixador do Brasil nos Estados Unidos. "Da minha parte, eu me decidi agora, mas não é fácil uma decisão como esta estando no lugar dele e renunciando ao mandato", disse ele em entrevista a jornalistas.
O presidente afirmou que o filho fala inglês com fluência e tem boa relação com a família do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
"É uma coisa que está no meu radar, sim, e existe a possibilidade. Ele é amigo dos filhos do Donald Trump, fala inglês e espanhol, tem uma vivência muito grande do mundo. Poderia ser uma pessoa adequada e daria conta do recado perfeitamente", ressaltou.
Nesta sexta, Eduardo Bolsonaro afirmou que recebeu o apoio do chanceler Ernesto Araújo para assumir a embaixada do Brasil em Washington após se reunir com o ministro das Relações Exteriores.
Ao responder sobre suas qualificações para assumir um dos mais importantes postos na diplomacia brasileira, o parlamentar disse que fez intercâmbio nos Estados Unidos e "fritou hambúrguer no frio do Maine".
"É difícil falar de si próprio. Mas não sou um filho de deputado [presidente] que está do nada vindo a ser alçado a essa condição. Existe um trabalho sendo feito, sou presidente da Comissão de Relações Exteriores [da Câmara], tenho uma vivência pelo mundo", declarou Eduardo, na saída do Palácio do Itamaraty.
"Já fiz intercâmbio, já fritei hambúrguer lá nos EUA, no frio do Maine, estado que faz divisa com o Canadá. No frio do Colorado, numa montanha lá, aprimorei meu inglês. Vi como é o trato receptivo do norte-americano para com os brasileiros. Então acho que é um trabalho que pode ser desenvolvido. Certamente precisaria contar com a ajuda dos colegas do Itamaraty, dos diplomatas, porque vai ser um desafio grande. Mas tem tudo para dar certo", concluiu.
Ele reafirmou que a ida aos EUA colocaria a relação do Brasil em "um outro patamar", por se tratar de um embaixador que seria filho do presidente da República. E descartou que sua nomeação possa se enquadrar nas regras que vedam o nepotismo.
O parlamentar voltou a afirmar que a indicação para o posto ainda é uma possibilidade e que até este domingo (14) deve se reunir com seu pai para definir a questão.