Médicos e estudantes mostram importância de se prevenir o suicídio
“Nós, do CVV, acreditamos que é importante que a gente rompa tabus e leve informação para que as pessoas possam falar a respeito disso", a porta-voz do CVV no estado do Rio de Janeiro, Patrícia Fanteza
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Brasil Prevenção
Cartilhas do Centro de Valorização da Vida (CVV) foram distribuídas hoje (15), na orla de Copacabana, por alunos do Curso de Extensão em Dependência Química da Clínica Jorge Jaber, em parceria com o Centro Universitário Unigama, da Faculdade Gama e Souza, durante o evento Setembro Amarelo, que mostrou a importância de se falar sobre a prevenção ao suicídio. Durante a manifestação, foram distribuídas camisetas amarelas com o laço que representa a marca da campanha Setembro Amarelo.
“Nós, do CVV, acreditamos que é importante que a gente rompa tabus e leve informação para que as pessoas possam falar a respeito disso. A gente não precisa ter peso para falar sobre prevenção ao suicídio, porque a gente está falando de vida e há muitas coisas importantes para falar dentro disso”, disse à Agência Brasil a porta-voz do CVV no estado do Rio de Janeiro, Patrícia Fanteza.
Falar sobre suicídio contribui para que as pessoas possam perceber que em determinados momentos difíceis, “qualquer um de nós pode buscar ajuda e essa ajuda ainda existe”, acrescentou. Segundo Patrícia, só o fato de romper com esse tabu de sofrer sozinho e buscar ajuda profissional, podendo trazer um processo de mais naturalidade, leva as pessoas a notar o que existe ao redor e passar a enxergar possibilidade de ajuda.
Patrícia Fanteza ressaltou que é preciso que seja tomado todo o cuidado ao tratar do assunto, que é muito sério e deve ser abordado com responsabilidade. A informação deve ser preventiva e não de estilo, avaliou. “Esse é o amadurecimento natural”. Patrícia destacou que quanto mais as coisas são conversadas, mais também se abre a possibilidade de repensar o assunto e trazer mais informação, para que o mundo aja junto. “Que o trabalho de prevenção seja um trabalho sério, responsável, feito por todos, da melhor maneira”.
O psiquiatra Jorge Jaber, promotor do evento, destacou que é preciso saber ouvir uma pessoa que apresenta tendências suicidas e evitar dar conselhos. O psiquiatra salientou que muitos setores da sociedade ainda encaram a depressão e os distúrbios mentais como tabus. Esclareceu que essas doenças são fatores de risco que podem levar ao aumento de tentativas de pessoas de tirar a própria vida. A questão do suicídio, nesse caso, precisa ser abordada e, principalmente, ganhar espaço para que profissionais capacitados e instituições como o CVV possam gerar informação positiva e ajudar a salvar vidas, explicou.
Patrícia Fanteza afirmou que em um momento de grande sofrimento, a pessoa perceber que é respeitada na sua dor, que é acolhida e ouvida sem qualquer tipo de julgamento ou de desmerecimento àquilo que ela está sentindo, mostra que “isso tudo é muito poderoso, é algo que, realmente, causa um alívio muito grande. Essa é a base do trabalho do CVV. O CVV promove o resgate de ser humano”. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 800 mil pessoas se matam por ano no mundo, com índices elevados de mortes na faixa etária entre 15 e 29 anos de idade.
A atriz Luiza Tomé, que teve amigos que cometeram suicídio, prestigiou o evento Setembro Amarelo, levando sua solidariedade aos parentes de pessoas que pensam em praticar esse ato. Disse que o suicídio é uma doença silenciosa que comparou com o câncer. “Se você não perceber, vai embora muito rápido”. Depressão e uso de drogas ilícitas podem levar a esse ato, chamou a atenção a atriz. Luiza destacou também o alarmante número de casos que aumenta a cada ano, em especial entre adolescentes e adultos jovens, período da vida em que considera difícil “resistir a uma pressão muito grande do mundo. É muita informação”.
Luiza Tomé fez um pedido à população para estar atenta às pessoas de suas relações. “E se notarem um comportamento recluso, diferente, de alguma forma ajudem, conversem com eles, ajudem. Não podemos deixá-los sós para eles não se matarem”.
Presente também à ação, o ator Marcus Tardin salientou que a causa “é necessária e urgente”. Para ele, a arte é uma ferramenta social de conscientização e reflexão com objetivo de transformar vidas. Em seu espetáculo Na Hora do Adeus, em cartaz no Rio de Janeiro até o próximo dia 26, ele aborda problemas delicados como alcoolismo, culpa, depressão e suicídio, de uma forma leve e bem-humorada, levando ao público mensagem de força, encorajamento e superação. Segundo Tardin, atualmente a depressão e o suicídio já não são mais tabus. “Nós precisamos falar sobre isso, dialogar”.
Lembrou que está comprovado pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e pelos profissionais da área da saúde que quanto mais se dá oportunidade às pessoas que vivem esses dramas de falarem sobre suas dificuldades, as coisas começam a se transformar. “Hoje as pessoas estão se entendendo mais disponíveis para o diálogo, e a sociedade está mais aberta para ouvir”, disse.