O que as quadrilhas juninas podem apreender do carnaval?
Os quadrilheiros conheceram os bastidores e a organização para o carnaval, além de visitarem barracões da Estação Primeira de Mangueira e Beija Flor
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Brasil Intercâmbio
O que as quadrilhas juninas podem apreender do carnaval carioca?
Essa questão levou o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas da Paraíba (Sebrae/PB) a organizar uma visita de dirigentes das quadrilhas de Campina Grande, que fazem a maior festa de São João do país, à Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), buscando intercâmbio entre os dois famosos festejos brasileiros.
O diretor de Carnaval da Liesa, Elmo José dos Santos, disse que está acontecendo com os quadrilheiros o mesmo que ocorreu há cerca de 31 anos com as escolas de samba fluminenses, “quando não tinham nenhuma organização, nem identidade e cada uma fazia o carnaval debaixo do viaduto. Nós começamos do marco zero”, lembrou. Com a criação da Liesa, as escolas de samba puderam se estruturar e desenvolver. O diretor indicou que a exemplo do que ocorre no carnaval carioca e em outros eventos regionais, como o Boi de Parintins, no Pará, os quadrilheiros da Paraíba têm que ter uma quadra específica para fazer suas apresentações. “Eles são craques em festas juninas, como nós somos craques em samba”, observou.
Os quadrilheiros conheceram os bastidores e a organização para o carnaval, além de visitarem barracões da Estação Primeira de Mangueira e Beija Flor e a quadra da
Acadêmicos do Salgueiro. Na Cidade do Samba, participaram de uma oficina de adereços na Associação de Mulheres Empreendedoras do Brasil (Amebras). “Eu acho que com essa liga ou associação que vão formar, eles vão se fortalecer perante o poder público”, disse.
O presidente da Liesa, Jorge Castanheira, observou que os quadrilheiros não cobram ingresso em sua área de apresentação e que não há arquibancadas, como no Sambódromo do Rio de Janeiro, que possam destacar peculiaridades das quadrilhas para o público que assiste às apresentações, o que é um fator negativo. “Eles têm que ter uma arena em que as quadrilhas se apresentem e consigam ser vistas por um número maior de pessoas e por um período maior. É questão de aprimoramento”, comentou.
A Liesa destacou a necessidade de integração entre a parte artística com a comercial. “Porque eles são muito carentes de recursos. Cada um faz a sua quadrilha, mas é o próprio grupo que banca. Eles têm apoio pequeno do governo local, não dispõem de condições de investir tanto e têm medo que esse pouco apoio inviabilize o futuro das apresentações”. Castanheira afirmou que para o patamar de investimentos que o carnaval exige, a venda de ingressos não suporta os gastos das escolas, que têm de buscar outros meios, entre os quais patrocínios, para fazer frente às despesas que têm para aprimorar o espetáculo a cada ano.
Segundo o presidente da Liesa, as festas culturais e regionais brasileiras têm os mesmos problemas de apoio e de receita. Daí as conversas que vêm sendo mantidas com ligas de outros estados relativas ao carnaval e com outros tipos de manifestações culturais. Disse que o carnaval carioca pode ajudar os quadrilheiros na visão de como empreender o espetáculo de forma mais profissional. “A gente entende que o esforço coletivo para se apresentar, seja do ponto de vista de uma quadrilha de festa junina, ou das escolas de samba em várias cidades, vai dar o norte para o engrandecimento da cultura, como instrumento de identificação da cultura local e regional”. Completou que as manifestações culturais nacionais precisam ser mais apoiadas e melhor geridas artística e empresarialmente, para terem sobrevida, a partir de uma parceria entre o poder público e o setor privado, “para esses grandes núcleos avançarem”.
O presidente da Federação das Entidades de Quadrilhas Juninas da Paraíba (Fequajune/PB) e da União Nordestina de Entidades Juninas (Unej), Edson Pessoa dos Santos, considera importante essa integração com o carnaval carioca, “porque o que nós estamos precisando, aqui no Nordeste, é a questão da produção cultural, de fazer com que o movimento junino cresça. Que não fique só na competição”. O carnaval do Rio pode ajudar nesse sentido. “Foi boa a visita, porque a parte de estruturação, a gente vai aprender”. Ele pretende estender o trabalho a todas as quadrilhas do Nordeste. O ciclo de apresentações de espetáculos juninos se encerra este mês, no país, prevendo-se para novembro próximo a premiação dos melhores do ano do Nordeste, em diversas categorias. Com informações da
Agência Brasil.