Polícia identifica corpo de japonesa achado em cachoeira de centro usado por João de Deus
A Polícia Civil prendeu poucas horas antes um jovem de 18 anos, morador da cidade, que admitiu a autoria do crime
© Marcelo Camargo- Agência Brasil
Justiça MORTE-GO
GOIÂNIA, GO (FOLHAPRESS) - A Polícia Técnico-Científica de Goiás confirmou, nesta terça-feira (17), que é da japonesa Hitomi Akamatsu, 43, o corpo encontrado escondido, entre pedras e terra, a dez metros de uma cachoeira na propriedade da Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, no entorno do Distrito Federal.
A Polícia Civil prendeu poucas horas antes um jovem de 18 anos, morador da cidade, que admitiu a autoria do crime.
A Polícia Civil informou que não há indícios de qualquer envolvimento do alegado médium João Teixeira de Faria, 79, o João de Deus, preso em dezembro de 2018 e condenado a mais de 60 anos de prisão por uma série de crimes sexuais contra mulheres que frequentavam a casa. Em março deste ano, ele passou a cumprir prisão domiciliar, em Anápolis, a 60 km de Goiânia.
Segundo a Polícia Civil, Hitomi fazia tratamento na Casa Dom Inácio de Loyola e estava desaparecida há uma semana. Em estado de decomposição, o corpo foi encontrado, pela Polícia Civil, nesta segunda-feira (16), seis dias depois de ela ter sido vista pela última vez. A identificação foi realizada por meio de impressões digitais.
A Embaixada Japonesa no Brasil enviou seus representantes ao IML (Instituto Médico Legal) de Anápolis, a 36 km de Abadiânia, para realizar a liberação do corpo.
A Polícia Civil não divulgou a identidade do jovem preso pelo assassinato e ocultação de cadáver de Hitomi. Em depoimento, o preso que estava sendo cobrado por uma dívida de drogas e foi ao local, que sabia que era frequentado por muitos estrangeiros, para tentar assaltar alguém. Em seguida, conforme seu relato, ele abordou a japonesa, e ela ofereceu resistência. Depois, o suspeito disse, a enforcou usando a própria camisa, por medo de ser denunciado.
O jovem também disse à polícia que não encontrou nada de valor com a vítima e, por isso, roubou uma peça de roupa dela e outros pertences, que, segundo ele, foram queimados em seguida. Durante seu depoimento, o suspeito contou ter achado um litro de combustível que usou para atear fogo nos objetos.
Na investigação, a polícia teve auxílio de imagens de câmeras de monitoramento que mostram o jovem deixando, de bicicleta, o local. Em uma das imagens, ele aparece com uma roupa branca em seu ombro direito, a qual, segundo os investigadores, pode ter sido roubada da vítima. Segundo a polícia, o jovem ainda não apresentou advogado.
Conhecida por receber pessoas do mundo inteiro em busca de tratamento espiritual, a Casa Dom Inácio de Loyola foi fundada por João de Deus. Após a prisão dele, o local continuou a receber visitantes, mas em número bem menor. O comércio da cidade, movimentado pelo turismo religioso, praticamente parou após o escândalo sexual.
No último dia 4, João de Deus recebeu alta médica de um hospital particular em Brasília, onde estava internado desde o dia 24 de outubro. Ele foi submetido a cirurgia de cateterismo e também faz tratamento quimioterápico por causa de um câncer no estômago.
Advogado de João de Deus, Marcos Lara disse que o seu cliente não frequenta mais a Casa Dom Inácio de Loyola desde que foi preso. "Ele não pode passar nem na rua da casa nem interferir presencialmente ou espiritualmente", afirmou.
Segundo o advogado, o quadro de saúde do preso é regular e estável. Ele passa o dia em sua casa própria, em Anápolis, com auxílio de funcionárias, e recebe visita dos filhos.