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Pico de contágio do novo coronavírus ocorre nos cinco dias após início de sintomas, diz estudo

Segundo os pesquisadores, os dados desses estudos indicam que os pacientes de Covid-19 têm a maior quantidade de vírus no nariz e na garganta

Pico de contágio do novo coronavírus ocorre nos cinco dias após início de sintomas, diz estudo
Notícias ao Minuto Brasil

05:08 - 20/11/20 por Folhapress

Lifestyle CORONAVÍRUS-PESQUISA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Pessoas infectadas pelo novo coronavírus Sars-CoV-2 que desenvolvem a Covid-19 transmitem mais o vírus nos primeiros cinco dias após o início dos sintomas.

Depois de nove dias de doença, nenhum vírus ativo - que pode iniciar uma infecção - foi encontrado em amostras, embora o material genético do patógeno possa ser detectado nessas pessoas semanas e até meses após o começo da infecção.

Os resultados são de um artigo publicado nesta quinta-feira (19) na revista científica The Lancet Microbe por pesquisadores de instituições do Reino Unido.

Os cientistas revisaram dados de 98 estudos publicados entre 2003 e junho de 2020 com informações sobre a dinâmica da carga viral em pacientes de três coronavírus: o Sars-CoV-2 (79 artigos), causador da Covid-19, o Sars-Cov (8), que causa a Sars (síndrome respiratória aguda), e o Mers-Cov (11), que causa a Mers (síndrome respiratória do Oriente Médio).

Segundo os pesquisadores, os dados desses estudos indicam que os pacientes de Covid-19 têm a maior quantidade de vírus no nariz e na garganta (áreas consideradas pelos cientistas como as principais fontes de transmissão) logo quando os sintomas aparecem, e a situação permanece assim por cerca de cinco dias.

No caso dos outros coronavírus pesquisados, o pico da quantidade de vírus nessa região do corpo aparece geralmente na segunda semana da doença.

Essa seria, portanto, uma das causas para o novo coronavírus circular entre as pessoas com maior facilidade do que os coronavírus anteriores, uma vez que o paciente com Covid-19 precisa fazer o isolamento de uma maneira muito mais rápida para evitar a transmissão da doença, afirmam os autores.

Muge Cevik, pesquisador da Universidade de St. Andrews (Escócia) e autor principal do artigo, disse em comunicado à imprensa que os resultados sugerem ainda que a repetição do teste PCR (que detecta o material genético do vírus) talvez não seja necessária para liberar o paciente do isolamento.

O teste pode permanecer positivo por um período mais longo, e como detecta partes inativas do vírus, não indica necessariamente que o paciente esteja contagioso.

"Em pacientes sem sintomas severos, o período infeccioso pode ser de dez dias após o início das manifestações", afirmou Cevik. As orientações sobre a duração do isolamento variam de 10 a 15 dias, dependendo da instituição. Pacientes que ficam em estado mais grave são mantidos em confinamento por período mais longo geralmente.

"Entender a transmissão da doença nos dá as dicas de como realizar melhor as medidas de prevenção", afirma a infectologista Maura Salaroli de Oliveira, do Hospital Sírio-Libanês. "Esses resultados mostram que as pessoas não devem banalizar os sinais da Covid-19, que é o que temos visto."

"Tão logo sintomas como dor, febre, perda de olfato ou paladar se iniciem, deve-se começar a fazer o isolamento domiciliar, sem frequentar lugares públicos, até que o teste possa ser feito. Não é adequado esperar o resultado do teste para só então tomar a medida", diz Oliveira.

Segundo a médica, as pessoas devem estar atentas também ao surgimento de manifestações atípicas da Covid, como náusea e diarreia.

No artigo, os pesquisadores afirmam que não há dados suficientes para determinar o período potencial de transmissão dos chamados pacientes assintomáticos, um contingente grande de pessoas que foram infectadas pelo Sars-Cov-2, mas não desenvolveram nenhum dos sintomas da Covid-19.

Dessa forma, cuidados como distanciamento social, uso de máscara e higiene das mãos são essenciais para evitar o contágio, de acordo com a infectologista. "Percebo pessoas na rua que fazem distanciamento e usam máscara, mas ao encontrarem um conhecido abraçam e beijam, quando na verdade qualquer pessoa, mesmo nossos amigos, pode estar infectada", afirma Oliveira. "Todos estamos cansados dessas medidas, mas por enquanto deve ser assim", diz.

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