Sem sedativos, Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto reduz cirurgias pela metade
Nesta terça, Ribeirão bateu novo recorde de internados nos dez hospitais que atendem casos de Covid-19, com 503 pessoas, 263 delas em leitos de UTIs
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RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) - O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, referência em saúde num raio de 200 quilômetros, decidiu reduzir pela metade as cirurgias realizadas por falta de medicamentos para sedação dos pacientes.
Com isso, 70 cirurgias deixarão de ser realizadas por semana. Com dez salas cirúrgicas abertas, somente cinco serão utilizadas no período, e o atendimento será destinado a procedimentos cirúrgicos de casos considerados gravíssimos, que não possam esperar de forma alguma.
"Com a diminuição da disponibilidade de relaxantes musculares no mercado, que são utilizados para a sedação de pacientes em terapia intensiva nos 72 leitos que o hospital está oferecendo à comunidade nesse momento e que são utilizados também nos procedimentos cirúrgicos, nós temos que desviar esses medicamentos que são utilizados no centro cirúrgico para garantir o estoque e manter a vida das pessoas que estão intubadas [na UTI]", disse o diretor do departamento de atenção à saúde do HC, Antonio Pazin Filho.
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Na manhã desta terça-feira (23), havia 68 pacientes internados nas UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) do HC Campus e da unidade de emergência.
No HC, só um dos 56 leitos de UTI estava disponível, e o cenário em enfermarias também era preocupante, com 90% de ocupação. Já na unidade de emergência, no centro de Ribeirão Preto, 13 dos 16 leitos de UTI estavam em uso nesta terça-feira.
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Nesta terça, Ribeirão bateu novo recorde de internados nos dez hospitais que atendem casos de Covid-19, com 503 pessoas, 263 delas em leitos de UTIs.
De acordo com Pazin Filho, uma comissão composta por três profissionais será responsável por fazer diariamente a triagem das cirurgias que serão efetivamente necessárias.
Além do quadro de saúde do paciente, também será analisado o risco de transmissão da doença dentro do hospital. "Sabemos que isso não atende toda a necessidade da população, mas é uma situação muito grave e a gente vai ter que tomar decisões às vezes muito difíceis nesse momento. Vamos tentar ao máximo reduzir o dano aos pacientes", afirmou o diretor.
Há previsão de recebimento das medicações até sexta-feira, mas não há garantia de que elas serão entregues. "Como foi noticiado na imprensa, vários lugares já estão com falta [dos remédios] e nós estamos aguardando as medidas que estão sendo tomadas junto aos fornecedores. E já informamos ao governo a nossa deficiência", afirmou. A medida será válida inicialmente pelos próximos 15 dias.
Ribeirão Preto adotou um lockdown de cinco dias entre a última quarta-feira (17) e domingo (21), com o objetivo de reduzir a circulação de pessoas e evitar a disseminação do novo coronavírus. As ruas ficaram vazias.
A partir de segunda (22), passou a haver a abertura gradual de algumas atividades, como supermercados.
Até agora, a pandemia já provocou 1.409 mortes na cidade, sendo 367 somente neste ano.