Justiça decreta prisão preventiva de mãe e madrasta de menina internada no Rio
A investigação também aponta que a criança não estava sendo alimentada há meses
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Justiça PRISÃO-RIO
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A Justiça do Rio de Janeiro decretou a prisão preventiva de duas mulheres suspeitas de torturar uma menina de seis anos no município de Porto Real. A criança está internada em estado grave desde a última segunda-feira (19). As duas já estavam presas, autuadas em flagrante, desde aquele dia.
Em decisão expedida após audiência de custódia nesta quinta-feira (21), o juiz Marco Aurélio da Silva Adania considerou que as investigações apontaram contínuas agressões à criança pela mãe, de 28 anos, e pela madrasta, de 25, que moravam juntas desde o ano passado.
"Consta dos autos que a vítima teria sido espancada pela mãe e pela companheira, ora custodiadas, com socos e chutes por diversas vezes, além de ser arremessada contra a parede e contra um barranco de 7 metros de altura e ser chicoteada com um cabo de TV", diz trecho da sentença.
Ainda segundo a decisão, a vítima, internada em um hospital privado no município de Resende, apresenta "hemorragia intracraniana inoperável e sério risco de vir a óbito ou permanecer em estado vegetativo".
Segundo a apuração da polícia, as agressões, começaram na noite de sexta-feira (16) e continuaram até o fim da noite de domingo (18).
A investigação também aponta que a criança não estava sendo alimentada há meses. Para a decisão, o magistrado levou em conta depoimento à Polícia Civil. Segundo a polícia, as mulheres confessaram a tortura. O caso é investigado pela 100ª Delegacia de Polícia do Rio, que ainda deve mais testemunhas antes de concluir o inquérito.
A reportagem não conseguiu localizar a defesa das suspeitas. Um defensor público esteve presente apenas na audiência e não acompanhará o caso. A Defensoria Pública não informou quem assumirá a defesa de mãe e madrasta.
Em entrevista ao jornal Extra, a mãe da madrasta, que mora na mesma casa, disse que só chamou socorro médico na manhã de segunda-feira, quando a criança já não se mexia. A mulher, autuada por omissão, afirmou que foi ameaçada pela filha para não contar a verdade sobre as agressões.
Além desse, outro caso violência contra criança no Rio ganhou repercussão. O garoto Henry Borel Medeiros, 4, morreu com sinais de violência em março, na Barra da tijuca, zona oeste do Rio. Foram presos a mãe dele, a professora Monique Medeiros, e o padrasto, o vereador Jairo Souza Santos, conhecido como Dr. Jairinho (Solidariedade).
O laudo de necropsia de Henry mostrou que a criança já chegou morta ao hospital e que as causas do óbito foram "hemorragia interna" e "laceração hepática" (lesão no fígado), produzidas por uma "ação contundente" (violenta).