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Bolsonaro diz ter mandado investigar preço da Coronavac feita pelo Butantan

Bolsonaro disse ainda que "até hoje a Coronavac não tem comprovação científica" e que os brasileiros não querem tomar este imunizante

Bolsonaro diz ter mandado investigar preço da Coronavac feita pelo Butantan
Notícias ao Minuto Brasil

06:04 - 23/07/21 por Folhapress

Brasil BOLSONARO-VACINA

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a a questionar a eficácia da Coronavac nesta quinta-feira (22) e disse que mandou investigar uma suposta diferença de preço entre o imunizante contra Covid produzido na China, pela Sinovac, e o feito pelo Butantan, ligado ao governo de São Paulo, de seu desafeto, João Doria (PSDB).

De acordo com Bolsonaro, o governo recebeu documentos da "empresa que fabrica aí a Coronavac, a matriz lá que fornece o IFA, é na China" oferecendo o imunizante a US$ 5, enquanto o Butantan oferece a vacina a US$ 10.

O mandatário afirmou ter acionado a CGU (Controladoria-Geral da União), o Ministério da Justiça e o TCU (Tribunal de União).

"O que aconteceu com o Butantan? E outra, o Butantan também foi oficiado por nós para que se explique por que a matriz nos oferece a vacina pronta a US$ 5 e eles, Butantan, ao receber o IFA da China, nos revende a US$ 10 a vacina", disse Bolsonaro em entrevista à rádio Banda B, de Curitiba (PR).

"Pode ser que não haja nada de errado nisso tudo, mas o Butantan nunca nos deu, nunca nos apresentou as planilhas de preço, toda a cadeia, o custo final da vacina. Só diz que são US$ 10. Então, temos agora, sim, uma questão para ser investigada. Pode não ser nada? Pode. Mas, pelo que tudo indica no momento, é algo assustador que vem acontecendo lá no Butantan", insistiu o presidente.

Bolsonaro disse que "obviamente que interessa para nós, ao continuar usando a Coronavac no Brasil, comprar diretamente da China pela metade do preço do que pagar o dobro no Butantan", mas afirmou que "não estou acusando de corrupção, de desvio, de nada".

Ao longo da entrevista, Bolsonaro questionou eficácia do imunizante que garantiu o início da vacinação contra Covid no Brasil, em janeiro.

"Sabemos dos problemas que a vacina chinesa, Coronavac, vem ocasionando em alguns países, como Chile, por exemplo, e aqui no Brasil também. Pessoas que tomaram duas doses e foram infectados ou reinfectadas. Então, a eficácia da Coronavac está lá embaixo, realmente", afirmou.

Bolsonaro disse ainda que "até hoje a Coronavac não tem comprovação científica" e que os brasileiros não querem tomar este imunizante.

"O povo chega lá, o pessoal pergunta: 'qual a vacina tem?'. Se é Coronavac, a tendência é não aceitar", disse Bolsonaro, antes de colocar em dúvida futuras compras do imunizante.

"Não adianta a gente comprar mais X milhões de doses da Coronavac se a população aqui não quiser tomar."

Em entrevista ao UOL, o governador de São Paulo chamou Bolsonaro de "bobão" e "negacionista".

"Desde março do ano passado, quando tivemos a constatação do primeiro caso [de Covid-19], ele vem se comportando como um bobo, como um negacionista, como alguém sem compaixão com seu povo. O Brasil lamentavelmente é um péssimo exemplo para o mundo, 545 mil mortes, e um presidente que defende cloroquina ao invés de defender vacina", afirmou Doria ao portal.

Em nota, o governador paulista diz que o presidente delirou na entrevista e, sem provas, fez falsas acusações contra o Instituto Butantan.

"Bolsonaro tenta, com isso, desviar as atenções das denúncias contra seu próprio governo, que recebeu oferta de grupo empresarial para comprar a vacina por quase o triplo do valor negociado entre o Ministério da Saúde e o Butantan", diz a nota.

Para o tucano, a afirmação do presidente é uma falácia de quem já declarou que não compraria a Coronavac, mas adquiriu 100 milhões de doses, das quais mais de 57 milhões já foram entregues pelo Butantan.

"Bolsonaro demonstra, mais uma vez, incoerência na sua fala e nos seus atos para tentar camuflar negociações escusas para aquisição de vacinas com preço três vezes acima do praticado no mercado", finaliza.

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