Reforço da Pfizer após Coronavac eleva eficácia contra a Covid para 92,7%, diz estudo
A pesquisa foi feita com base na análise das informações de cerca de 14,3 milhões de brasileiros que realizaram teste rápido de antígeno ou RT-PCR -este foi feito por cerca de 7,3 milhões de indivíduos do montante
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um estudo publicado nesta quarta-feira (9), na revista Nature, aponta que uma dose de reforço da vacina da Pfizer após duas da Coronavac aumenta para 92,7% a eficácia contra o coronavírus.
Segundo a publicação, com o mesmo esquema vacinal é possível impedir o agravamento da Covid-19 -mortes e internações- em 97,3% dos casos.
A pesquisa foi feita com base na análise das informações de cerca de 14,3 milhões de brasileiros que realizaram teste rápido de antígeno ou RT-PCR -este foi feito por cerca de 7,3 milhões de indivíduos do montante. O banco de dados foi disponibilizado pelo Ministério da Saúde.
De 24 de fevereiro de 2020 a 11 de novembro de 2021, 23,4 milhões de pessoas se submeteram a testes de Covid por suspeita de infecção pelo coronavírus, com pico de desfechos graves entre fevereiro de 2021 e abril de 2021.
Dos 13,3 milhões de exames não elegíveis para o estudo, 8,8 milhões foram realizados antes da campanha de vacinação no Brasil. Esses testes serviram apenas para conhecer o estado das infecções anteriores dos participantes e não foram utilizados na análise principal.
Além disso, foram realizados 2,6 milhões de testes em menores de 18 anos, faixa etária não incluída na pesquisa.
Todos com 18 anos ou mais que relataram sintomas semelhantes aos de Covid-19 e se submeteram a exame para detecção do coronavírus entre 18 de janeiro e 11 de novembro de 2021 foram elegíveis para o estudo.
Da amostra, os vacinados com a Coronavac somam 913.052. Destes, 7.863 receberam uma dose de reforço de Pfizer. A maioria (93,4%) foi testada 30 dias após o reforço.
Segundo estudos anteriores com a Coronavac, em comparação com não vacinados, de 14 dias a um mês após as aplicações, a eficácia do imunizante foi de 55% contra a infecção clássica e de 82,1% em desfechos graves.
Após seis meses, a taxa de proteção caiu para 34,7% e 72,5% contra o agravamento dos casos.
"Você toma as duas doses da Coronavac e tem uma proteção principalmente para a doença grave, mais ou menos o que sabíamos. Após seis meses, essa proteção cai e aí, quando a pessoa toma a terceira dose da Pfizer, essa proteção chega num nível altíssimo, tanto para a infecção não complicada quanto para a doença grave", explica Guilherme Werneck, pesquisador da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e um dos autores do trabalho.
"A Coronavac é uma ótima vacina, mas a proteção decresce com o tempo, então a terceira dose da Pfizer é fundamental para oferecer proteção principalmente para a Covid grave."
Para a população com 80 anos ou mais, a imunização com as três doses se mostra muito importante. "A proteção com a segunda dose para os idosos já não era tão boa e eles estavam desprotegidos, mas voltaram a atingir um patamar alto quando receberam a Pfizer", afirma Werneck.
A reportagem questionou o pesquisador sobre o período de duração da proteção oferecida pela Pfizer, mas ainda é cedo para obter a resposta, pois há necessidade de um acompanhamento mais longo, de acordo com Werneck.
Ao todo, o estudo publicado na Nature contou com a participação de 14 cientistas de universidades brasileiras e internacionais.
Um estudo do Ministério da Saúde realizado em parceria com a Universidade de Oxford mostra que a dose de reforço com a vacina da Pfizer aumentou em 175 vezes o número de anticorpos neutralizantes.
O número chega a ser quase três vezes maior que o de outros imunizantes aplicados no Brasil. Com a vacina da AstraZeneca o aumento foi de 85 vezes e com a vacina da Janssen, de 61 vezes.
A Coronavac foi o que teve menor resposta imune, sendo que houve aumento de sete vezes dos anticorpos neutralizantes.
Em outro estudo, divulgado em dezembro do ano passado, pesquisadores israelenses afirmaram que a aplicação de três doses da vacina da Pfizer contra a Covid oferece proteção significativa contra a ômicron.
A pesquisa, realizada pelo centro médico Sheba e pelo Laboratório Central de Virologia do Ministério da Saúde, comparou o sangue de 20 pessoas que receberam duas doses de 5 a 6 meses anteriores a dezembro com o sangue do mesmo número de indivíduos imunizados com a dose de reforço há um mês.