Hipster da Federal ganhou fama com a prisão de Eduardo Cunha
Com um coque na cabeça de estilo samurai e barba de lenhador, ele ficou conhecido como Hipster da Federal e Lenhador da Federal.
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Justiça MORTE-GO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O agente da Polícia Federal Lucas Valença, 36, morto com um tiro na noite desta quarta-feira (2), ganhou fama com a prisão do ex-deputado Eduardo Cunha, em 2016. Com um coque na cabeça de estilo samurai e barba de lenhador, ele ficou conhecido como Hipster da Federal e Lenhador da Federal.
Valença morreu depois de invadir uma propriedade rural em Buritinópolis, no interior de Goiás. Ele foi atingido pelo morador da casa que, após atirar, chamou a Polícia Militar.
Segundo a corporação, amigos e familiares disseram que o policial federal estava em surto psicótico desde a terça (1º).
Natural de Posse, cidade com cerca de 38 mil habitantes também no interior goiano, ele peregrinou por diversos estados até chegar a Brasília, onde morava atualmente.
Aos 7 anos, mudou-se para Crateús, no Ceará. Lá, viveu por mais quatro anos. Voltou, então, para o estado natal, passando por Catalão e Goiânia. Seguiu para a capital federal quando passou no concurso da Polícia Militar.
Depois, já na Polícia Federal, o agente fez parte do COT (Comando de Operações Táticas). Poucos anos após ingressar na corporação, ganhou fama quando fez parte da operação que prendeu Cunha durante a Lava Jato. As imagens do policial caminhando ao lado do deputado ganharam o país.
Nas redes sociais ele publicou um vídeo dizendo que estava surpreso com a repercussão e que se sentia honrado de participar daquele "momento histórico", referindo-se à prisão.
Participou de programas de televisão, como o Programa do Porchat, da RecordTV, e o Encontro com Fátima, da TV Globo.
Em uma das entrevistas disse que apenas escoltou Cunha e não foi informado de que participaria da operação que envolvia o então deputado. Soube apenas no local.
Nas entrevistas, ele também respondia a questões de cunho político. Em uma conversa com a apresentadora Antonia Fontenelle logo após ficar conhecido, disse que considerava o ex-juiz Sergio Moro um homem admirável. Questionado se seria a favor do porte de arma de fogo, ele se mostrou favorável, mas disse que seria necessário uma reeducação sobre o uso de armas.
Com as aparições na televisão, redes sociais e programas no YouTube, ele chegou a contratar pessoas para assessorá-lo. As entrevistas e a decisão de se expor, porém, desagradaram a PF, que já possuía uma diretriz que proibia autopromoção às custas da corporação.
Na época, o agente também cedeu uma entrevista à TV Folha, em que se recusou a comentar o processo disciplinar que a polícia estaria abrindo para apurar sobre as entrevistas que que vinha concedendo. Disse somente que falava sobre sua vida pessoal.
O sucesso foi tanto que chegou a cogitar a carreira política, conforme mostrou reportagem do jornal Folha de S.Paulo. Nas suas redes sociais, mostrava predileção pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), com quem havia tirado uma foto em uma visita do chefe do país à Academia Nacional de Polícia de Brasília. "Obrigado por nos honrar com sua presença, presidente", escreveu.
Suas contas em redes sociais tinham cerca de 112 mil seguidores, nas quais publicava conteúdo variado –principalmente selfies, mas também fotos com a família e homenagens à PF. Também aparecia frequentemente cozinhando e em viagens em meio à natureza.