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Adoçantes de refrigerantes podem prejudicar o fígado, aponta estudo inicial

Essas substâncias, que conseguem deixar um sabor doce nas bebidas sem o uso do açúcar, dificultariam a ação de uma proteína do fígado essencial para a excreção de substâncias tóxicas do organismo humano.

Adoçantes de refrigerantes podem prejudicar o fígado, aponta estudo inicial
Notícias ao Minuto Brasil

11:36 - 17/04/22 por Folhapress

Lifestyle SAÚDE-PESQUISA

SAMUEL FERNANDES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Dois adoçantes comumente utilizados em refrigerantes zero açúcar podem afetar a função de desintoxicação do fígado, aponta um novo estudo, ainda em caráter inicial.


Essas substâncias, que conseguem deixar um sabor doce nas bebidas sem o uso do açúcar, dificultariam a ação de uma proteína do fígado essencial para a excreção de substâncias tóxicas do organismo humano. A conclusão é de pesquisadores do Medical College of Wisconsin, instituição dos EUA.


O trabalho foi apresentado recentemente na conferência Experimental Biology 2022, mas ainda não foi publicado em uma revista científica.
Um estudo preliminar dessa equipe de cientistas já havia observado que camundongos filhotes expostos aos chamados adoçantes não nutritivos apresentaram alterações no processo de desintoxicação do fígado.


Foi a partir desse estudo que os pesquisadores projetaram este segundo. Nele, foram examinados os efeitos dos adoçantes acessulfame de potássio e sucralose na glicoproteína P, que atua na metabolização de medicamentos e na eliminação de toxinas do organismo.


A investigação também levou em consideração as recomendações de doses para os adoçantes conforme preconizado pela FDA (agência que regula remédios e alimentos nos EUA). Assim, foram mensurados os efeitos das duas substâncias em níveis abaixo e acima das orientações da entidade.


"Observamos que os adoçantes afetaram a atividade da glicoproteína P nas células do fígado em concentrações esperadas pelo consumo de alimentos e bebidas comuns, muito abaixo dos limites máximos recomendados pelo FDA", disse Stephanie Van Stichelen, líder da equipe de pesquisa, à agência de notícias da Medical College of Wisconsin.


Giovanni Faria Silva, médico hepatologista e presidente da SBH (Sociedade Brasileira de Hepatologia), que não tem relação com essa pesquisa, comenta, porém, que ainda é cedo para avaliar o impacto desse trabalho. "O que foi apresentado nesse estudo ainda não tem um artigo publicado para ver em detalhes como foi a metodologia adotada, por exemplo", afirma.


Além disso, o estudo foi feito somente em laboratório. O ideal, segundo Silva, é que as investigações prossigam a fim de fazer outras pesquisas de caráter observacional ou, principalmente, estudos clínicos, que são considerados o padrão ouro por contar com grupos controle e experimental.


"São interessantes esses resultados, mas é importante que sejam reproduzidos para ter uma avaliação e ter um prosseguimento nessa hipótese que foi lançada", completa.


Caso o que foi observado no estudo realmente seja reconhecido por outras pesquisas, os efeitos no organismo seriam principalmente a curto prazo, já que a metabolização das drogas pela glicoproteína P não ocorreria de forma adequada, gerando efeitos colaterais no paciente. Mas efeitos crônicos também poderiam acontecer, a depender de novas descobertas.


"O que pode mais ter são efeitos colaterais mais expressivos a princípio [e de forma aguda]. Problemas a longo prazo teriam que ser melhor analisados em outras pesquisas", diz Silva.

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