Família de idosa morta em asilo critica demora na liberação para enterro
Terezinha Barbosa Ribeiro morreu em um incêndio que atingiu uma casa de repouso em São Mateus, na zona leste de SP
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Brasil Incêndio
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O corpo de Terezinha Barbosa Ribeiro, 82, é o único das seis vítimas do incêndio que atingiu uma casa de repouso na rua Phobus, em São Mateus, na zona leste, no sábado (10), que ainda não foi liberado para a família.
Conforme a Polícia Civil, a demora está ligada ao fato de a mulher ter sido a única a morrer carbonizada. Os demais teriam morrido após inalar a fumaça provocada pelas chamas. Em nota, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) informou que o corpo da sexta vítima está passando por perícia. Foi colhido material biológico para auxiliar na identificação.
Terezinha foi encontrada em um dos quartos do asilo, que funcionava sem alvará da prefeitura e do Corpo de Bombeiros.
As outras cinco vítimas da tragédia já foram identificadas e liberadas para o enterro. São elas: a cuidadora Adriana dos Santos Souza, 39, e os pacientes Arturo Loureiro Perez (sem idade confirmada), Sonia Pinho Silva, 71, Adelson Alexandre Gino, 62, e Luciane Avelina Chaves, 42.
A demora na identificação oficial de Terezinha tem trazido angústia aos seus familiares, que ainda não sabem o prazo para o sepultamento da idosa.
"A gente está querendo uma ajuda para poder liberar o corpo, porque o IML nos informou que demora de quatro a seis meses para poder sair o resultado de DNA. A gente está procurando de todas as formas uma solução, para fazer o enterro da minha mãe", disse o autônomo Valdir Ribeiro, 44.
Para a Polícia Civil, o corpo que se encontra no IML (Instituto Médico-Legal) Leste, em Artur Alvim, é da mãe de Valdir, no entanto, são necessários exames para a identificação oficial.
O autônomo confirmou ter coletado, no sábado, material biológico, com intuito de auxiliar na comprovação de que de fato o corpo é de Terezinha.
Segundo Valdir, sua mãe estava na casa de repouso Lar da Vovô há cerca de três meses.
"Minha irmã fez uma cirurgia recentemente. Minha irmã tem dificuldades para andar, e eu e meus irmãos todos trabalhamos, então, a gente optou por essa parte, porque ela ia ficar sozinha em casa. Só que a gente não sabia, em momento algum, que era tudo irregular".
O autônomo relatou que o marido da proprietária do asilo entrou em contato, avisando que arcaria com as despesas do funeral. No entanto, Valdir afirmou que Terezinha conta com um auxílio-funeral pago pela família.
A reportagem não conseguiu contato com os responsáveis pelo Lar da Vovô. A responsável pela casa de repouso esteve na delegacia na manhã de sábado, prestou depoimento e saiu sem falar com a imprensa. A reportagem ainda abordou o advogado que a representa, mas ele não quis se pronunciar.
O delegado Leandro Resende Rangel, titular do 49° DP (São Mateus), responsável pela investigação, disse que os policiais estão em busca de imagens de câmeras de segurança que possam ter registrado a dimensão do incêndio. Eles também pretendem ouvir o relato de vizinhos da casa de repouso.
Rangel disse à reportagem que aguarda os laudos para saber as condições em que o imóvel se encontrava. Depois, saber se houve ou não um crime, e qual seria.
Procurada, a SSP disse que as investigações prosseguem pelo distrito policial da área. Sobre o caso envolvendo Terezinha Ribeiro, a pasta alegou que o IML aplica diferentes métodos de identificação, como comparação de impressões digitais, exame odonto-legal, exame de antropologia e reconhecimento por DNA.
"Todo trabalho feito pelo IML é comunicado à família e à autoridade policial, a quem compete a investigação das responsabilidades pelas mortes ocorridas. Após ser liberado, a família poderá realizar o sepultamento", acrescentou.