Uso de armas de choque pela PM de SP cresce 25% no primeiro mês de Tarcísio
Conforme dados inéditos obtidos pela reportagem, em janeiro de 2023, primeiro mês de Tarcísio à frente do Palácio dos Bandeirantes, a PM registrou a mesma quantidade de 23 mortes de suspeitos em confrontos.
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Justiça POLÍCIA-SP
(FOLHAPRESS) - O uso de armas de choque do tipo taser pela Polícia Militar de São Paulo cresceu 25% no primeiro mês no governo Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Em números absolutos, os policiais militares usaram a ferramenta de incapacitação neuromuscular em 60 ocorrências no mês de janeiro. No mesmo período do ano passado, as pistolas menos letais foram usadas em 48 vezes.
O crescimento do uso de pistolas de choque é apontado por integrantes da corporação como um dos motivos para que o estado conseguisse manter a letalidade policial nos mesmos patamares do início do ano passado.
Segundo eles, a cada vez que um PM usa uma arma de choque é, em tese, uma morte a menos a ser contabilizada nas estatísticas.
Em janeiro de 2022, ainda na gestão João Doria (então no PSDB), foram registradas 23 mortes de decorrentes de intervenção policial, redução de 57% em comparação as 53 mortes registradas no ano anterior.
Conforme dados inéditos obtidos pela reportagem, em janeiro de 2023, primeiro mês de Tarcísio à frente do Palácio dos Bandeirantes, a PM registrou a mesma quantidade de 23 mortes de suspeitos em confrontos.
O número permaneceu estável mesmo com um aumento no número de confrontos armados em janeiro deste ano. Foram 66 registros, contra 61 no mesmo período deste ano (aumento de 8,2%).
Ainda segundo dados, desde janeiro de 2019 a PM registrou 1.181 ocorrências com emprego de arma de incapacitação neuromuscular. Em 99% (1.167 ocorrências) dos casos em que houve o emprego da pistola de choque o agressor foi contido sem morrer.
O crescimento da letalidade policial por parte da PM era uma das grandes preocupações da sociedade civil com o governo Tarcísio de Freitas.
Isso porque o então candidato ao governo ameaçava acabar com o programa de câmeras corporais na tropa, o "Olho Vivo", apontado com grande avanço na política de redução de mortes praticadas por policiais.
Essa preocupação se agravou quando Tarcísio escolheu para secretário da Segurança o oficial da reserva Guilherme Derrite, ex-integrante da Rota (tropa de elite da PM). Após pressão, o governador recuou do discurso e, neste ano, afirmou que as câmeras corporais não vão ser retiradas de uso.
O especialista em segurança pública Luis Flavio Sapori considera o crescimento da utilização de armas menos letais um fator positivo da corporação.
"Os números são um bom indicativo de que a Polícia Militar de São Paulo está assimilando técnicas de uso progressivo da força nas ocorrências policiais. O uso mais intensivo da taser significa abrir mão de uso rápido e preliminar da arma de fogo, o que é um bom sinal."
Diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo também apontou o equipamento como um provável aliado na redução de mortes. "É importante, é positivo que haja o investimento na taser, desde que acompanhado da redução do uso da força letal."
Ela, no entanto, aponta da necessidade de uma análise sobre o contexto de uso da arma de choque.
"Acho que o próximo passo é entender exatamente em quais situações [foram usadas]. É uma situação em que possivelmente seria utilizada uma arma de fogo? Foi um caso então em que se evitou uma morte? Até para que a gente possa fazer um outro monitoramento, que é o uso excessivo do taser."