O golpe de meio bilhão de Eduardo Cunha
Cunha aparece como beneficiário de uma doação do Grupo Odebrecht de R$ 1,1 milhão para seu partido, o PMDB
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Brasil Bancada
Segundo documentos do Ministério Público da Confederação Suíça enviados à Procuradoria Geral da República, o esquema suíço liderado por Cunha com outros participantes movimentou R$ 411 milhões em 29 contas bancárias entre 2007 e 2014 (o valor não inclui, portanto, o ano de 2015). De acordo com o site Pragmatismo Político, isso é apenas uma fatia, aquilo que foi identificado. Há ainda o dinheiro não localizado na própria Suíça e mais uma série de paraísos fiscais não mensurados neste montante.
Dois milhões por apoiador
Em entrevista ao programa Espaço Público TV Brasil da EBC, o ex-ministro Ciro Gomes estimou que, deste volume imenso de recursos, Cunha usou R$ 350 milhões para montar seu próprio bloco parlamentar: “Eduardo Cunha roubou algo ao redor de meio bilhão de reais e deve ter distribuído uns 350 (milhões de reais) por uns 150 a 200 picaretas”. Se as contas de Ciro estiverem corretas (e use-se o número mais modesto, 150), Cunha repassou algo como R$ 2 milhões para cada um de seus apoiadores apenas na “operação Suíça”.
"Bancada da mala"Como a planilha da Odebrecht deixou aparente, Cunha é padrinho de muitas outras doações. A planilha indica o poder de Cunha como intermediário. Ele aparece como beneficiário de uma doação do Grupo Odebrecht de R$ 1,1 milhão para seu partido, o PMDB. Mas, o curioso é ele aparecer também como ‘padrinho’ de uma doação de R$ 3 milhões para o diretório nacional do PSC, atual partido do deputado Jair Bolsonaro.
Cunha aparece ainda na planilha como ‘padrinho’ de outra doação, de R$ 900 mil, para o PR. Somando as indicações na planilha, em 2010,
Eduardo Cunha operou como captador de R$ 5 milhões – isso apenas junto ao Grupo Odebrecht – para três partidos, justamente os que em Brasília compõem a chamada ‘bancada do Cunha’, ou seja, o grupo de parlamentares que acompanha fielmente a liderança dele em todas as votações.
Seu grupo de supostos aliados compõe a maior bancada da Câmara, praticamente o dobro do maior bloco parlamentar da Casa, que conta com 87 deputados (PP, PTB, PSC e PHS). O grupo também é majoritário na Comissão do Impeachment.
Paulinho da Força
Segundo o deputado Paulo Pereira da Silva, “tem muita gente querendo financiar esse negócio do impeachment”. É só o parlamentar interessado sinalizar que o dinheiro aparece, segundo o deputado, conhecido como Paulinho da Força, líder do partido Solidariedade e réu em processo por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e crimes contra o sistema financeiro. Paulinho da Força também está na comissão do impeachment. Paulinho afirmou também que “O impeachment só tá acontecendo por causa do Eduardo Cunha.”
Propina e impeachment
Cunha é réu numa ação no Supremo por recebimento de propina e distribuiu recursos da ordem de centenas de milhões de reais; 61% dos deputados da comissão encarregada do processo de impeachment receberam R$ 9 milhões de empresas investigadas na operação Lava Jato. Trinta e um dos 130 integrantes da comissão respondem a inquérito ou ação penal no Supremo, acusados de formação de quadrilha, corrupção e lavagem de dinheiro, entre outros crimes.
O relator da comissão do impeachment, Jovair Arantes, teria cobrado R$ 4 milhões apenas para apoiar a recondução ao cargo do presidente da Agência Goiana de Meio Ambiente. De acordo com a revista Veja, ‘O deputado queria R$ 4 milhões para que o infraescrito fosse indicado para continuar na titularidade do órgão público’, escreveu”.
Ostentação para Cunha e amigos
A Procuradoria Geral da República (PGR), na denúncia apresentada ao Supremo contra Cunha em 4 de março de 2016 apresentou a vida ostentação de Cunha.
Virada de 2012/2013 – Duarnte nove dias em Miami para a passagem de ano Cunha, mulher e filha torraram R$ 170 mil. Isso equivale a mais de R$ 18 mil por dia ( mais do que o salário mensal de um parlamentar à época, de R$ 17.794,76).
No dia 29 de dezembro foram gastos R$ 24.520 em compras na Saks e na Salvatore Ferragamo. Em 2 de janeiro, na Giorgio Armani e Ermenegildo Zegna, somou outros R$ 20.504.
2013 Em fevereiro foi a Nova York. Entre 9 e 12 daquele mês, a PGR flagrou gastos de R$ 36.732 entre hotel, restaurantes e as grifes preferidas de Cunha.
No dia 12 de fevereiro a gastança começou em NYC e continuou em Zurique, na Suíça. Entre a noite de 12 e a manhã do dia 15 de fevereiro, a conta ficou em R$ 18.716.
No dia 16, pagou R$ 23.900 de hospedagem no famoso Hotel Crillon, em Paris.
Março: no dia 25, pagou uma conta de R$ 12.288 com hotel em Barcelona.
Junho: no dia 20 ele estava restaurante Russkiy Ampir, em São Petesburgo (Rússia): conta de mais de R$ 12 mil.
E assim sucetivamente. O Pragmatismo Político apresenta também os gastos de sua mulher.
Os sapatos
Em setembro de 2013, em Nova York, gastou R$ 32.464 na loja de sapatos masculinos Prada Abbigliamento.
De acordo com o site, Cunha faz o que quiser e a imprensa finge que não vê o meio bilhão do sultão e sua bancada comprada.