Promotoria pede prisão de PMs envolvidos na morte do adolescente Thiago Flausino no Rio
Os cabos Roni Cordeiro de Lima, Diego Pereira Leal, Aslan Wagner Ribeiro de Faria e Silvio Gomes dos Santos foram denunciados pelos crimes de fraude processual e prevaricação
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Justiça militares
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A Auditoria Militar do Ministério Publico do Rio de Janeiro pediu nesta segunda (4) a prisão de quatro cabos do BPchq (Batalhão de Choque) suspeitos de envolvimento na morte do adolescente Thiago Flausino, 13, na Cidade de Deus, no dia 7 de agosto. O Judiciário ainda não se manifestou.
Os cabos Roni Cordeiro de Lima, Diego Pereira Leal, Aslan Wagner Ribeiro de Faria e Silvio Gomes dos Santos foram denunciados pelos crimes de fraude processual e prevaricação. Quanto ao capitão Diego Geraldo da Rocha Souza, denunciado por omissão ao autorizar a ação, a promotoria pediu o afastamento da função.
Procurada, a corporação não respondeu se os PMs já indicaram advogados. Em depoimento, os policiais afirmaram que houve troca de tiros e que estavam autorizados a usar um carro particular na ação.
Há outra investigação em curso, que apura o homicídio do adolescente, conduzida pela Delegacia de Homicídios.
Segundo a denúncia na esfera militar, os agentes apresentaram na delegacia uma arma modelo Glock 9 mm, com uma munição, alegando que pertenceria ao jovem baleado. Já o oficial teria sido omisso ao permitir que os agentes operassem de forma irregular, com uso de carro particular e drones.
Em depoimento, os policiais confirmaram a utilização do veículo particular, de propriedade de um dos agentes, com o intuito de realizar filmagens com um drone. A ação é ilegal, segundo o promotor Paulo Roberto Mello da Cunha Júnior.
"A Corregedoria constatou uma série de irregularidades, além de entender que a conduta dos PMs envolvidos indica que tenham inovado artificiosamente o local do crime apresentando uma arma fraudulentamente", disse o promotor.
Flausino e outro jovem estavam em uma moto durante a ação policial. Testemunhas afirmam que os agentes atiraram contra o adolescente e que não houve tiroteio.
Ele foi atingido por três tiros: um nas costas, outro na perna, e um terceiro que perfurou as duas canelas. Ele morreu no local.
Inicialmente, a Polícia Militar havia dito que Flausino morreu em confronto com os policiais. Nessa primeira versão da PM, os agentes alegaram ter trocado tiros com o adolescente e disseram ter encontrado uma pistola no local.
As imagens obtidas pela família do garoto, porém, contestam essa versão. Nas gravações não há indícios de tiroteio. Flausino aparece andando de moto na rua, que está movimentada. Segundo testemunhas, os agentes estavam dentro de um carro de passeio, sem qualquer identificação da PM. O veículo, um C4 Pallas prata, é visto nas imagens trafegando atrás do adolescente.