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Exame de sangue para diagnóstico de Alzheimer chega ao Brasil

O teste norte-americano PrecivityAD2 detecta proteínas que indicam se há presença de placas amiloides cerebrais, uma característica da doença.

Exame de sangue para diagnóstico de Alzheimer chega ao Brasil
Notícias ao Minuto Brasil

06:33 - 20/09/23 por Folhapress

Lifestyle SAÚDE-ALZHEIMER

(FOLHAPRESS) - O Brasil passa a oferecer nesta semana um exame inédito de sangue capaz de oferecer um diagnóstico de Alzheimer nas fases iniciais. O teste norte-americano PrecivityAD2 detecta proteínas que indicam se há presença de placas amiloides cerebrais, uma característica da doença.

O exame custa cerca de R$ 3.600 e precisa ser solicitado por um médico -o procedimento ainda não é disponibilizado por meio de planos de saúde nem pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A testagem é feita no Brasil pela marca Fleury Medicina e Saúde em parceria com a fabricante C2N Diagnostics e não é um exame de triagem, ou seja, não é indicado para check-ups, e sim para pessoas que apresentam quadros de declínio cognitivo.

As amostras são coletadas e preparadas na central técnica do Fleury e enviadas para análise nos Estados Unidos. O resultado é liberado em cerca de 20 dias.

A marca Fleury deve ofertar o teste em sua rede de forma gradual, começando por São Paulo e expandido para as unidades localizadas no Maranhão, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e no Distrito Federal, bem como pelo Atendimento Móvel de São Paulo.

De acordo com nota do laboratório brasileiro, a avaliação ocorre por "espectrometria de massa (EM) de alta resolução e pela dosagem das proteínas que provocam alterações cerebrais relacionadas à doença de Alzheimer".

A promessa é de um exame menos complicado e com qualidade, capaz de excluir a doença de Alzheimer diante de "outras causas de comprometimento cognitivo, como depressão, apneia do sono, demência vascular e problemas metabólicos". Também seria uma opção mais segura de diagnóstico que outros testes, por não usar métodos invasivos ou radioativos no paciente.

No caso do mais conhecido deles, o PET-amilóide cerebral, é necessário fazer punção lombar, que é a inserção de uma agulha nas costas do paciente para captação de líquido da medula espinhal. Além disso, os biomarcadores do líquido contém radiação e o exame custa R$ 9.124.

Aurélio Pimenta Dutra, neurologista do Fleury Medicina e Saúde, afirma que os estudos sobre o exame feitos em países como Canadá e Coreia do Sul apontam uma economia importante no processo do Alzheimer. A utilização dos testes em soro, segundo ele, reduz não só o tempo necessário para diagnóstico e tratamento adequado, mas também de investigação e terapêutica, permitindo a seleção de indivíduos que se beneficiarão de um tratamento que modifique a evolução da doença.

Se o PrecivityAD2 apontar resultado positivo para Alzheimer, a indicação é de que se faça a seguir um exame confirmatório com biomarcadores em liquor ou o PET amiloide, uma vez que o novo teste não compõe ainda as formas de diagnóstico aceitas no país. "Considerando os critérios diagnósticos atuais, diante de um quadro clínico de comprometimento cognitivo e um exame em plasma positivo é recomendado confirmar com outro estudo, uma vez que os exames de plasma ainda não estão nos critérios diagnósticos para doença de Alzheimer", reforça Dutra.

A validação clínica do PrecivityAD2 envolveu duas coortes (conjunto de pessoas com características em comum) independentes e avaliou um total de 583 pacientes com comprometimento cognitivo usando PET-amiloide como padrão de referência.

Segundo o estudo da fabricante, o teste alcançou 88% de precisão.

Uma pesquisa independente, feita pela Universidade de Lund, na Suécia, com outras quatro coortes e cerca de mil pacientes, também teria destacado a alta precisão do exame, configurando-o com um marco importante na questão do Alzheimer.

Para o médico Luiz Roberto Ramos, professor titular do Departamento de Medicina Preventiva e coordenador do Centro de Estudo do Envelhecimento da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), apesar de ainda ter um custo elevado e não estar coberto pelo SUS ou por convênios, o exame é um reforço diagnóstico positivo. "Simplifica sabermos se alguém com déficit cognitivo está acumulando beta amiloide sem precisar do PET, e permite estimar a [proteína] tau", afirma Ramos.

ALZHEIMER NO BRASIL

Cerca de 1,2 milhão de pessoas no Brasil vivem com a doença de Alzheimer, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Ainda não há cura, mas o diagnóstico precoce permite tratamento farmacológico e de cognição por terapia individual ou em grupo, reduzindo a velocidade da progressão da doença.

Uma alimentação saudável, tratar comorbidades pré-existentes (como hipertensão e obesidade), praticar atividades físicas e exercícios regularmente também contribuem para o controle da doença.

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