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Moradores se trancam em casa e fecham comércio mais cedo após fuga de presos em Mossoró

Dois presos fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró, localizada no interior do Rio Grande do Norte

Moradores se trancam em casa e fecham comércio mais cedo após fuga de presos em Mossoró
Notícias ao Minuto Brasil

22:12 - 15/02/24 por Folhapress

Justiça Rio Grande do Norte

MOSSORÓ, RN (FOLHAPRESS) - Nas ruas que antes eram movimentadas na comunidade Barrinha, na zona rural de Mossoró, no Rio Grande do Norte, havia pouca gente fora de casa na tarde desta quinta-feira (15). Um costume antigo do morador local, de se sentar na calçada, foi abalado após a fuga de dois presos da penitenciária federal vizinha à comunidade onde vivem cerca de 650 famílias.

O aposentado Elpídio da Silva, 60, era um dos poucos que se arriscavam na rua.

"Após essa fuga os moradores da Barrinha estão em alerta, sem sossego e apavorados. A gente passa o dia vendo polícia para lá e para cá. É bom porque dá mais segurança, mas quando eles vão embora a aflição volta. Foi uma coisa inédita que aconteceu no país e tem apavorado muita a comunidade", disse.

Genilson Epifânio, 35, tem um mercadinho na comunidade há três anos e diz que está fechando o comércio mais cedo desde a fuga dos detentos.

"A gente fica um pouco inseguro, porque é um órgão de segurança máxima, mas aconteceu uma situação dessa", diz. "A gente é obrigado a fechar mais cedo e se recolher mais cedo, porque fica naquela de não saber se eles [fugitivos] foram embora ou ainda estão por aqui. É um sentimento muito ruim para toda a comunidade."

A fuga foi a primeira registrada no sistema penitenciário federal desde sua implantação, em 2006. A gestão dessas unidades é de responsabilidade do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, atualmente chefiado por Ricardo Lewandowski.

Quem também está trancando o cadeado de casa mais cedo é a dona de casa Antônia Vanda da Costa, 27. Ela afirma que não consegue mais deixar a porta de casa aberta para "correr um vento", como costumava fazer.

"A gente está apreensiva com tanta polícia e helicóptero rondando nossa comunidade. Todo mundo está temendo sair de casa, a qualquer hora do dia", diz.

O temor, ela prossegue, aumentou com os boatos de que os criminosos foram vistos no bairro. "Aí que a gente se tranca cedo. Meu portão agora fica fechado direto."

A Polícia Militar disse nesta quinta-feira que foi registrado um arrombamento a uma casa no sítio Rancho da Caça, também próximo à penitenciária federal. De acordo com a PM, o caso ocorreu durante a madrugada e os invasores levaram roupas e mantimentos.

As buscas então foram intensificadas na região, e a gestão da governadora Fátima Bezerra (PT) disponibilizou homens e helicóptero para a operação. O secretário de Segurança Pública do RN, coronel Francisco Araújo, disse, contudo, que após uma análise mais detalhada foi descartada a possibilidade de que os fugitivos fossem os responsáveis pelo furto.

Os presos que fugiram foram identificados como Rogério da Silva Mendonça, 36, conhecido como Tatu, e Deibson Cabral Nascimento, 34, chamado de Deisinho. Segundo as investigações, eles são ligados ao Comando Vermelho.

A comerciante Josefa Almeida, 35, conta que com muito esforço conseguiu abrir um comércio de produtos agrícolas na região, mas diz que a mudança de rotina a preocupa.

"Meu coração está o tempo todo aflito, com medo de que possa acontecer alguma coisa com a gente, principalmente quando chega um carro ou uma pessoa diferente. Tem sido bem difícil", afirma.

A aposentada Maria das Dores da Silva, 79, conhecida como dona Dorinha, diz nunca ter visto tanta polícia na comunidade. "Ninguém esperava uma coisa dessas. Aqui é muito tranquilo."

Ela conta que também passou a deixar o portão trancado o dia inteiro. "Principalmente porque aqui em frente de casa é uma rodovia estadual, pode ser que eles apareçam e entrem de vez numa casa, façam uma besteira com a pessoa, a gente perde a vida, perde tudo."

A casa de dona Dorinha fica às margens da RN-015, estrada que dá acesso à penitenciária federal.

Agentes penitenciários montaram barreiras policiais para fiscalizar veículos que circulam na região. Até o final da tarde desta quinta, porém, não havia pistas do paradeiro dos fugitivos.

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