Curso de alemão da USP enfrenta falta de professores
Graduandos do curso de letras estão sem aulas enquanto gestores tentam resolver a situação, atingindo principalmente a disciplina de introdução ao idioma
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Brasil UNIVERSIDADE-SP
(FOLHAPRESS) - Faltam professores na habilitação em alemão da USP (Universidade de São Paulo). Graduandos do curso de letras estão sem aulas enquanto gestores tentam resolver a situação, atingindo principalmente a disciplina de introdução ao idioma.
Em 2014, a área contava com 14 docentes. Hoje, são seis -menos da metade. O movimento acompanha o observado no restante da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), onde são ministradas as aulas da língua germânica. Lá, no período de 2014 a 2022, o quadro docente foi reduzido de 478 para 396.
Paulo Martins, diretor da unidade, deu sua versão do imbróglio à reportagem. Segundo ele, em meados de 2023, uma educadora foi afastada para fazer pesquisa. Foi pedida, então, a contratação urgente de dois docentes temporários à reitoria de Carlos Gilberto Carlotti Júnior, enquanto concurso para a vaga plena recém-aberta era preparado.
Meses depois, somente uma contratação foi concluída, a do posto fixo. Para as vagas provisórias, ninguém se candidatou.
A profissional admitida, porém, foi alocada na pós-graduação, em que não era necessário reforço. A decisão foi do próprio departamento de Letras Modernas, responsável pela especialidade e, por isso, autônomo na distribuição de tarefas a seus funcionários.
Paulo Martins, porém, afirma estar prestes a solucionar o impasse. "Já estamos em tratativas para isso. Em quatro semanas, espero, teremos gente chegando", diz.
Enquanto a solução é tratada, o Caell (Centro Acadêmico de Estudos Linguísticos e Literários Oswald de Andrade) e a Comissão de Alemão da FFLCH emitiram nota em repúdio. Nela, relatam que os alunos estão sendo prejudicados e que é "evidente o descaso da universidade para com os estudantes".
Ocorrência do tipo não é novidade para estudantes de letras da USP. Recentemente, os cursos de japonês e coreano tiveram crises pela falta de docentes.
A reitoria concedeu à FFLCH 69 vagas para contratação de docentes efetivos desde 2022 -além de ter liberado outras dez deixadas pela gestão anterior. Dessas, 33 já foram preenchidas, 42 estão com processo seletivo em andamento e 4 aguardam abertura do concurso. No mesmo período, foram autorizadas 55 vagas para cargos temporários.
Greve por mais professores
Iniciada em 18 de setembro do último ano por estudantes da FFLCH, uma greve teve a contratação de docentes no centro das reivindicações. O movimento alcançou todas as unidades da USP. Professores e funcionários da instituição também aderiram à mobilização.
Segundo levantamento feito pela Adusp (Associação de Docentes da Universidade de São Paulo) com base nas folhas de pagamento disponíveis no Portal da Transparência, o corpo docente da universidade encolheu 17,56% desde 2014.
O número de professores efetivos, ainda conforme a entidade, caiu de 5.934 para 4.892 em agosto de 2023. A falta de docentes já levou algumas faculdades a cancelarem disciplinas obrigatórias, causando até mesmo o atraso de formaturas.
Após negociação com os estudantes, a reitoria anunciou medidas como a contratação de 148 professores temporários -adicionais às 879 contratações já previstas até 2025. A greve foi encerrada após seis semanas.
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