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Lula evita responder questão sobre PL antiaborto em passagem pela Suíça

"Você acha que é justo? Acabei de sair de uma palestra, [ter que] falar de uma coisa que está sendo discutida na Câmara. Deixa eu voltar para o Brasil, tomar pé da situação, aí você me pergunta", disse Lula aos repórteres brasileiros logo após discursar na sede das Nações Unidas em Genebra.

Lula evita responder questão sobre PL antiaborto em passagem pela Suíça
Notícias ao Minuto Brasil

22:24 - 14/06/24 por Folhapress

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ANDRÉ FONTENELLE
PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) - O presidente Lula evitou uma pergunta sobre o projeto de lei antiaborto em tramitação na Câmara dos Deputados, durante sua passagem pela Suíça na última quinta-feira (13). O tema é considerado delicado em seu governo, que avalia o risco de se posicionar contrariamente à proposição, visto que a vitória é dada como quase certa.

"Você acha que é justo? Acabei de sair de uma palestra, [ter que] falar de uma coisa que está sendo discutida na Câmara. Deixa eu voltar para o Brasil, tomar pé da situação, aí você me pergunta", disse Lula aos repórteres brasileiros logo após discursar na sede das Nações Unidas em Genebra.

Lula era o convidado de honra e fez a fala de encerramento de um fórum realizado pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), que tem sede em Genebra. Na mesma noite, seguiu para a cúpula do G7 na região da Puglia, na Itália, de onde retorna na segunda-feira (17).

No mesmo dia, o presidente não se furtou a responder sobre outras questões domésticas, como o indiciamento do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, em uma investigação de desvio de dinheiro público; e o aparente enfraquecimento político do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Durante a campanha eleitoral em 2022, Lula afirmou ser contra o aborto, por ser "pai de cinco filhos, avô de oito netos, bisavô de uma bisneta".

"E mesmo porque muitas vezes quem tem que decidir o aborto ou não é quem está grávida, normalmente a mulher, que tem que ter mais poder de dizer se quer ou não", disse, em outubro de 2022. "A lei existe, diz como é que pode acontecer ou não o aborto. Não é papel do presidente da República, é papel do Poder Legislativo, e, sobretudo, cabe muito a gente entender que a mulher tem supremacia sobre o seu corpo."

Embora o presidente tenha driblado a polêmica do PL antiaborto em sua viagem à Suíça, a primeira-dama Janja, que acompanha Lula na Europa e assistiu ao discurso no plenário da ONU, manifestou-se horas depois sobre a questão nas redes sociais.

Em um post na rede X (antigo Twitter), Janja pediu que o projeto não vá para votação em plenário em regime de urgência, o que dispensaria a discussão prévia em comissões, acelerando sua possível aprovação.
"É preocupante para nós, como sociedade, a tramitação desse projeto sem a devida discussão nas comissões temáticas da Câmara", escreveu a primeira-dama.

Na mesma publicação, Janja defendeu que o Congresso trabalhe "para garantir as condições e a agilidade no acesso ao aborto legal e seguro pelo SUS". Na postagem, não chegou, porém, a defender a descriminalização do aborto, bandeira histórica de parte da esquerda no mundo.

Na última quarta-feira (12), a Câmara aprovou a urgência para o projeto de lei 1904/24, que equipara o aborto após 22 semanas de gestação ao homicídio, mesmo em caso de gravidez fruto de estupro, uma das situações em que a lei brasileira permite o aborto. O projeto é de autoria do deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e o requerimento de urgência foi feito pelo deputado federal Eli Borges (PL-TO).

A proposta é alvo de críticas por submeter a mulher que realizar o aborto a pena equivalente a de homícidio, que é de 6 a 20 anos de prisão. Caso a interrupção da gravidez seja de uma gestação recorrente estupro, a pena seria, então, maior que a do estuprador, uma vez que o Código Penal estabelece reclusão de 6 a 10 anos ou 8 a 12 quando há lesão corporal.

Somente em casos de morte da vítima a pena pode chegar a até 30 anos.

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