Não percebi o tiroteio, diz homem que levou ao hospital vítima de confronto no Rio
A ação da PM contra suspeitos de integrar a facção TCP (Terceiro Comando Puro) deixou três mortos -um deles o caminhoneiro- e três feridos, além de ter bloqueado por duas horas a avenida Brasil, uma das principais vias da cidade.
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Justiça VIOLÊNCIA-RIO
ARTUR BÚRIGO
BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - O auxiliar de logística João Gabriel Barreto, 29, afirma que não sabia que acontecia um tiroteio quando foi parado pela Polícia Militar para levar ao hospital o caminheiro Geneilson Eustáquio Ribeiro, 49, baleado durante operação no Complexo de Israel, no Rio de Janeiro.
A ação da PM contra suspeitos de integrar a facção TCP (Terceiro Comando Puro) deixou três mortos -um deles o caminhoneiro- e três feridos, além de ter bloqueado por duas horas a avenida Brasil, uma das principais vias da cidade.
Barreto, que estava a caminho do trabalho, diz que trafegava na avenida Washington Luís, no sentido oposto, quando um policial pulou a mureta e pediu para que ele levasse o motorista de caminhão de frete -atingido por um tiro na cabeça por volta das 7h30.
No momento, dois socorristas passavam de moto e foram no carro prestando socorro a Geneilson.
"O trânsito parado para mim era normal, como tem todo dia. Quando o policial me parou, eu achei que tivesse acontecido um assalto ou algo do tipo, não uma operação", afirmou à Folha o auxiliar de logística.
Ele diz que só soube do ocorrido quando foi informado pelos socorristas, já a caminho do hospital Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo. O caminhoneiro morreu após ser transferido para o Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes.
"Infelizmente o rapaz não resistiu, a gente fica muito triste, mas o mínimo que eu poderia fazer naquele momento era levar ele para o hospital", diz Barreto.
Além de Geneilson, também foram vítimas da operação Paulo Roberto de Souza, 60, motorista de aplicativo, e Renato Oliveira Alves Reis, 48, que estava dentro de um ônibus dormindo quando foi baleado na cabeça.
Uma das três pessoas feridas no tiroteio foi Alayde dos Santos Mendes, 24, trabalhadora de um call center. Ela estava em um ônibus indo ao trabalho e desceu junto com outras pessoas, por causa do engarrafamento, para caminhar pela via.
Ela diz ter percebido a movimentação e foi avisada por uma amiga que acontecia um tiroteio, mas pensava já estar longe do local do confronto.
Ela afirma que foi sentido à pista que tem uma entrada para a Avenida Brasil e foi atingida por uma bala na coxa direita, quando passava ao lado do cemitério Memorial do Rio, em Cordovil.
"Andei tranquila, de certa forma, por um bom tempo, mas ouvi um tiro e me assustei. Lembro ter botado a mão na perna e visto sangue, e neste momento um homem atrás de mim gritou que eu tinha sido atingida", disse Mendes.
Ela afirma que foi levada ao hospital por uma supervisora e uma amiga do trabalho, que chamaram um transporte por aplicativo. No local, foi informada que a bala atravessou e não perfurou uma veia ou osso, sendo liberada no mesmo dia.
Além da operadora de call center, também se feriram um jovem de 27 anos, que não quis se identificar, e foi atingido por estilhaços dentro de um ônibus, e Pedro Henrique Machado Moreno de Souza, 19, que tinha mandado de prisão pendente.
A ação da PM mirava roubos de veículos e cargas nas comunidades Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau, onde criminosos incendiaram barricadas.
Devido ao confronto, por volta das 7h, a avenida Brasil foi bloqueada no sentido zona oeste, a partir do BRT Cidade Alta, e no sentido centro, na altura do viaduto de Vigário Geral.
A porta-voz da PMr do Rio, tenente-coronel Claudia Moraes, disse na quinta que a operação no Complexo de Israel foi planejada, mas que a corporação não tinha dados de inteligência para reagir aos criminosos.