PMs que faziam segurança de empresário assassinado são investigados há um mês, diz Derrite
Outros agentes também estão sendo investigados no mesmo inquérito
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Justiça São Paulo
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que os quatro policiais militares que acompanhavam Antônio Vinícius Gritzbach -assassinado a tiros na sexta-feira (8) no aeroporto de Guarulhos- já são investigados pela Corregedoria da corporação há um mês. Há outros agentes sendo investigados no mesmo inquérito.
"Eles estavam protegendo um criminoso. Podem ter cometido um crime militar, muito mais que um desvio de função", disse Derrite em entrevista coletiva nesta segunda-feira (11). Gritzbach era ameaçado pela facção PCC.
Segundo ele, essa investigação contra os PMs começou quando Gritzbach esteve em uma audiência no Fórum Criminal da Barra Funda, acompanhado de homens armados. Outros agentes suspeitaram da situação e denunciaram os policiais. Então, foi iniciada uma investigação.
"Nós não vamos aceitar que policiais cometam crimes", disse Derrite.
De acordo com o boletim de ocorrência registrado pela Daetur (Delegacia do Turista) sobre a morte, os PMs Leandro Ortiz, 39; Jefferson Silva Marques De Sousa, 29; Romarks Cesar Ferreira De Lima, 35, e Adolfo Oliveira Chagas, 34, eram responsáveis pela segurança particular do empresário. No documento, os quatro aparecem apenas como testemunhas do ataque.
O empresário foi morto momentos após deixar a área de desembarque do terminal 2 do aeroporto. Embora tivesse uma escolta formada por quatro policiais militares com treinamento para ações letais, Gritzbach estava acompanhado apenas por dois, já que um dos veículos ficou parado em um posto de gasolina após um problema mecânico.
No fim de semana, a secretaria da Segurança confirmou que os policiais foram ouvidos em dois inquéritos em curso, um pela Polícia Civil e outro pela PM. Eles foram afastados das atividades operacionais. Os quatro tiveram seus celulares apreendidos pela investigação da Polícia Civil.
EMPRESÁRIO DELATOU POLICIAIS CIVIS LIGADOS AO PCC
Derrite anunciou a criação de uma força-tarefa para investigar o ataque, que além do empresário matou Celso Araújo Sampaio de Novais, 41, motorista de aplicativo que estava no local.
A investigação será coordenada pelo delegado Oswaldo Nico Gonçalves, secretário-executivo da SSP. Nico ficará ausente de suas funções administrativas durante as diligências.
Gritzbach, que mantinha acordo de delação com o Ministério Público de São Paulo, foi ouvido pela última vez em 31 de outubro. Na oitiva, ele teria delatado policiais civis ligados ao PCC, diz Derrite. "Tudo isso será analisado."
Na coletiva, Derrite ainda deu algumas informações sobre o caso. Segundo ele, os criminosos foram bem preparados para o crime, usando balaclava e luvas. Porém, "eles se descuidaram na saída do aeroporto", disse o secretário, se referindo à existência de possíveis imagens dos suspeitos.
A polícia realiza perícia no carro que teria sido usado no crime e já colheu material genético, disse o secretário.
Derrite lamentou ainda a morte do motorista Celso Novais, atingido por disparos enquanto esperava por passageiros. "É triste ter a vida de um trabalhador ceifada."
Novais chegou a ser socorrido com vida e levado até o Hospital Geral de Guarulhos. Ainda na ambulância encaminhou um vídeo para a mulher avisando que havia sido baleado. Ele morreu na noite de sábado (9).
O secretário foi questionado sobre reclamações da família da vítima quanto à falta de amparo da polícia e se o governo entrou em contato com essas pessoas.
Durante o enterro do marido, na manhã desta segunda, a funcionária pública Simone Dionízia Fernandes Novais falou novamente que a família não foi procurada pelas autoridades. "É como se a gente não existisse", declarou.
"A melhor resposta que podemos dar à família é a justiça", respondeu Derrite na coletiva.