"A criação da fundação Tide Setubal por meus irmãos foi uma forma de ressignificar o trabalho voluntário de minha mãe, Tide Setubal", disse Maria Alice Setubal na abertura do seminário internacional Cidades e Territórios: Fronteiras e Encontros na Busca pela Equidade.

"Minha mãe disse em um discurso que era preciso despertar no indivíduo a consciência de que ele como cidadão é responsável pela comunidade", continuou a socióloga, mais conhecida como Neca, na manhã desta terça-feira (14), no centro de eventos da Fecomercio, em São Paulo.

Diante de um salão lotado, Neca celebrou o aniversário de dez anos da fundação. O objetivo do evento -realizado por meio de uma parceria entre a Folha de S.Paulo e a fundação Tide Setubal-, é fomentar o debate sobre políticas públicas, principalmente na esfera social, e discutir meios de atenuar as desigualdades entre os diferentes territórios dos grandes centros urbanos.

A ideia, de acordo com a socióloga, foi fazer parte de uma comunidade, no caso São Miguel Paulista, no extremo leste da cidade, para entender as necessidades daquele território.

"Adotamos um olhar sistêmico, intersetorial, para pensar e realizar as ações. Nos apresentamos de uma forma a não compactuar com a cultura da caridade, do assistencialismo e do patrimonialismo que costumava reger as relações com a comunidade", afirmou.

A partir das necessidades específicas de cada território, seria preciso então formular políticas públicas "customizadas", isto é, que respeitassem as necessidades locais.

Para chegar a esse resultado, o trabalho na zona leste foi feito com base nos eixos centrais da organização, que se baseia na construção conjunta, na importância do território, na gestão compartilhada dos espaços e, sobretudo, na ideia de participação e autonomia.

"Temos muito orgulho das redes criadas ao lado dos moradores. Praticamos o diálogo e o respeito às diferentes posições em um tempo onde a polarização é a regra".

Para Neca, o esforço de implantação de políticas públicas que levam em conta os espaços será enorme, mas é o que poderá levar à redução das desigualdades sociais e, por fim, uma sociedade mais justa e sustentável. Com informações da Folhapress.