A banda O Rappa fez um ‘showzaço’ em Portugal, na noite desta quinta-feira (11), no festival O Sol da Caparica, em Almada, distrito que fica a 15km da capital Lisboa. Com um repertório repleto de hits, como “Me deixa”, Reza vela” e “O que sobrou do céu”, Marcelo Falcão e companhia fizeram o público cantar e pular como se não houvesse amanhã.

Entre os presentes, havia muitos brasileiros na plateia, com a maioria desejando apenas ouvir o som da banda carioca. “O pessoal fica um tempão sem ouvir O Rappa, né? Então rola uma saudade do Brasil e tal. (...) É bacana voltar aqui para dar uma moral para a galera. É uma responsa”, disse o multi-instrumentista do Rappa, Marcelo Lobato, em entrevista exclusiva ao Notícias ao Minuto Brasil.

PROTESTO, POLÍTICA, BRASIL E MÚSICA

Na metade do show, que durou cerca de 50 minutos, dois jovens ergueram frente ao palco uma faixa com a frase “Fora Temer”, o que já virou um bordão dos brasileiros que querem a saída imediata do presidente interino Michel Temer do poder.

Pouco depois, o vocalista Marcelo Falcão exaltou todos os brasileiros presentes e, entre palavras soltas antes de cantar “Rodo cotidiano”, disse ao microfone. “O Rappa não tem partido. O nosso partido é o Rappa”. E assim seguiu o som.

Após o show, o Notícias ao Minuto Brasil conversou com o tecladista e arranjador Marcelo Lobato, que disse não ter visto a faixa na plateia, mas comentou o assunto. “No Rappa tem uma parada que cada um tem uma posição. Porque pessoalmente é muito difícil você falar que isso está certo e isso está errado. No Brasil, aliás, há uma ingenuidade na galera de achar que isso é certo e que isso é errado”, disse.

A conversa sobre música acabou tomando um rumo político, assunto que hoje é quase inevitável na vida dos brasileiros. “Eu não quero corrupção, eu quero um governo maneiro. Eu quero votar em alguém que me represente. Não conheço essa pessoa”, lamentou.

Lobato também falou sobre a rixa entre pessoas que apoiam governos diferentes. “As pessoas têm que se educar, aprender do que está falando. Falar sobre. Não falar qualquer merda. Porque as pessoas atualmente no Brasil estão falando qualquer merda. No Facebook eu nem falo nada, até porque eu sou do Rappa (...) E no Rappa a gente não pode chegar e falar que o Rappa é isso, é esquerda, é Dilma, é coxinha…”, revelou, emendando em seguida a sua opinião e posição política.

“Eu não gosto do Temer, eu não gosto da Dilma, eu não gosto do Lula. Eu sou anarquista”, declarou o músico

Para encerrar o papo falando sobre música e tentar acalmar um pouco os ânimos, o Notícias ao Minuto Brasil perguntou para Lobato sobre como é feita a escolha do repertório para uma turnê internacional, que precisa ser mais compacto, tarefa difícil para uma banda que está há 20 anos na estrada e repleta de sucessos. Com um sorriso sarcástico, Lobato respondeu: “da forma que no Brasil não rola, da forma democrática”, finalizou.

Após passar por Genebra (Suíça) e pela Costa da Caparica (Portugal), o Rappa segue para Londres (Inglaterra), Amsterdã (Holanda) e Açores (Portugal novamente), onde encerra a turnê na Europa, no dia 20 de agosto.