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'Carrocinha de cachorro': travestis são expulsas da rua por causa da Rio-2016

As meninas contam como sofreram com a abordagem da guarda municipal em conjunto com agentes da Secretaria Municipal de Assistência Social do Rio de Janeiro

'Carrocinha de cachorro': travestis são expulsas da rua por causa da Rio-2016
Notícias ao Minuto Brasil

09:09 - 19/08/16 por Notícias Ao Minuto

Brasil Desrespeito

A Casa Nem, um sobrado escondido em uma rua escura da Lapa é o lugar das travas. Tiradas das ruas por causa dos jogos do Rio, é lá que elas encontram o conceito de lar, algo que lhes foi negado pela família e sociedade.

O projeto foi criado pela ativista e prostituta Indianara Siqueira para quem sentiu na pele a exclusão das ruas com a chegada dos jogos na Cidade Maravilhosa.

“A vida de travesti não é fácil. Porque o povo sempre olha a travesti com outro olhar, com medo, com pavor”, resume Daniela Faria, que se mudou para a Casa Nem depois de passar pelas ruas do Rio de Janeiro e os abrigos da cidade.

Vanessa Silva é outra que também foi enxotada das ruas. Ela conta que agentes da prefeitura colocaram em prática uma "campanha de higienização", interrompendo até a distribuição de alimentos e cobertores que eles recebiam regularmente.

“Falavam que a partir da Olimpíada a gente ia ser obrigada a sair da rua ou a voltar para o abrigo e que, infelizmente, a gente não poderia sair do abrigo até a Olimpíada acabar”, reclama Vanessa. “A gente chegou a sofrer violência. Meu marido estava dormindo e chegou um guarda com cassetete e começou a bater no pé dele, para ele acordar”, completa.

Lidiane Lafayete também conta como sofreu com a abordagem da guarda municipal em conjunto com agentes da Secretaria Municipal de Assistência Social. "Eles nas ruas nos agridem, vem a van de madrugada para levar as pessoas para o abrigo, eles vão empurrando a gente para a van. Parece uma carrocinha de cachorro".

Quase todas que hoje estão na Casa Nem já passaram por um abrigo durante a Copa do Mundo. Elas relatam um histórico de desrespeito nesses locais como não ser chamada pelo nome social, segundo informações do UOL.

“Eles respeitavam por você ser travesti, mas não respeitavam seu nome social. Era uma coisa dolorosa. Tinha dias que eu chegava a chorar. A gente tinha horário para tomar banho e tinha que respeitar o horário deles. Enquanto tivesse um machista dentro do banheiro, você não podia tomar banho”, conta Daniela.

Hoje essas meninas podem tentar mudar o rumo de suas vidas. Na Casa Nem, elas têm um lugar decente para dormir e a chance de entrar de estudar. O lugar que também recebe prostitutas conta com o apoio de projetos sociais em busca de oferecer maiores oportunidades e mudanças de vida para essas mulheres.

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