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Cursinho auxilia trans e travestis a entrar na universidade em BH

Preparatório em Belo Horizonte combate piadas transfóbicas e machistas em sala de aula

Cursinho auxilia trans e travestis
a entrar na universidade em BH
Notícias ao Minuto Brasil

15:20 - 29/09/16 por Notícias Ao Minuto

Brasil Transenem

Raul Capistrano, de 35 anos, havia deixado de frequentar lugares onde seu nome de registro fosse mencionado. Tudo mudou quando ele tornou-se aluno de filosofia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Com 20 anos, Nathan Neubaner concluiu o ensino médio em 2013, porém decidiu esperar a transição de gênero antes de prestar o vestibular para Engenharia.Kéia Brandão decidiu, aos 51 anos, que queria estudar Química na universidade, depois de trabalhar como cabeleireira por 32 anos.

A história destas três pessoas ligam-se em um ponto em comum: para alcançar seus sonhos, fizeram - ou estão fazendo - aulas no Transenem, um cursinho preparatório para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em Belo Horizonte direcionado para pessoas trans e travestis.

De acordo com o G1, o projeto começou em agosto de 2015, com aulas apenas aos sábados, por iniciativa de Ana Isabel Lemos, assistente social, e de Adriana Valle, advogada trabalhista.Menos de três meses depois, na primeira tentativa, o grupo conseguiu três aprovações entre 12 alunos. Hoje, Raul estuda Filosofia na UFMG, Nathan frequenta Engenharia Ambiental no Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológica) de Minas e Sofia cursa Biblioteconomia na UFMG.

Para este ano, o projeto ampliou as atividades: as aulas passaram a acontecer todos os dias à noite em uma sala cedida pela Secretaria de Estado da Educação. A equipe conta com 12 professores e mais de 30 monitores, todos voluntários.

A iniciativa tem como objetivo fulcral abrir portas para indivíduos cujas dificuldades ultrapassam as fronteiras da sala de aula.Professores voluntários se organizaram, entre agosto e outubro, aos sábados, na casa de Adriana, uma das fundadoras do cursinho, para oferecer as aulas.

Nathan relembra que a experiência foi completamente distinta. "Na primeira aula de química, com um farmacêutico, quase demos aula para ele perguntando tudo sobre hormônios. Não tinha piada transfóbica. Era um ambiente receptivo, em que discutíamos assuntos que antes eu não podia conversar com ninguém", comemorou.

Somente após descobrir que poderia se inscrever no Enem com seu nome social, Raul se deixou convencer por uma amiga a fazer a prova.

Em 2015, Nathan esteve entre as 278 pessoas no Brasil que tiveram a solicitação para uso do nome social aceita. Neste ano, esse número cresceu 46%.

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