Medo define vida da jovem que dividiu cela com 30 homens no Pará
Sete anos depois, a insegurança ainda cerca a vida da vítima
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Brasil Trauma
A adolescente tinha 15 anos quando foi mantida em cela masculina numa cadeia de Abaetetuba, no Pará. Na época, teve seus cabelos cortados para não chamar atenção e ficou presa com cerca de 30 homens. O ambiente propriciou uma série de eventos trágicos na vida da menina, como torturas e estupros diários.
Hoje, nove anos depois, a vítima leva uma vida desprotegida, afastada de parentes, a mais de 3.000 km do Pará, segundo a Folha de S. Paulo.
A jovem de 24 anos largou o estudo, não tem uma profissão e vive rodeada pelo medo e insegurança. Segundo informações de pessoas próximas, ela foi afastada de programas de proteção, é dependente de crack e teme morrer nas mãos de traficantes. A jovem ainda evita falar sobre o tempo que dividiu uma cela masculina.
O que ela sofreu é tão desumano que eu não sei se ela um dia vai se recuperar. Eu, no lugar dela, teria morrido", diz Renata, funcionária de uma ONG que a acolheu.
Segundo o relato da voluntária ao jornal Folha de São Paulo, a jovem "é amorosa com todos", mas costuma ser "agressiva quando se sente rechaçada, humilhada".
No mês passado, o drama vivido ganhou destaque quando a juíza do caso, Clarice Maria de Andrade, foi afastada da magistratura por dois anos pelo Conselho Nacional de Justiça. A juíza não dá entrevistas sobre o ocorrido.
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