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Fila da creche sobe em 22 distritos de São Paulo

Houve aumento nas filas de diversos distritos da capital paulista

Fila da creche sobe em 22 distritos de São Paulo
Notícias ao Minuto Brasil

15:28 - 27/12/16 por Estadao Conteudo

Brasil Educação

A fila da creche subiu em 22 dos 96 distritos após quatro anos de gestão Fernando Haddad (PT). Apesar de a Prefeitura ter conseguido reduzir o déficit de crianças de zero a 3 anos fora da escola na maioria dos bairros, levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo aponta que em 23% deles a expansão não alcançou o crescimento da demanda. Há ainda na capital 133 mil crianças aguardando por uma vaga para esta fase da educação.

O cálculo tem como base os relatórios publicados pela Secretaria Municipal de Educação em setembro de 2013, 2014, 2015 e 2016. Houve aumento nas filas dos distritos de Bela Vista, Belém, Bom Retiro, Cachoeirinha, Campo Grande, Cidade Tiradentes, Guaianases, Itaim-Bibi, Itaquera, Jaçanã, Jaguaré, Lajeado, Limão, Marsilac, Morumbi, Pedreira, Sé, Vila Andrade, Vila Guilherme, Vila Maria, Vila Mariana e Vila Medeiros.

Haddad, porém, teve desempenho melhor que o antecessor, Gilberto Kassab (PSD). Na gestão anterior, a fila da creche cresceu em 89 dos 96 distritos se comparados os números da demanda de setembro de 2009 e de 2012, primeiro e último anos do segundo governo Kassab. O ex-prefeito só conseguiu reduzir a fila nos bairros de Bela Vista, Bom Retiro, Cidade Tiradentes, Consolação, Liberdade, Perus e República.

O aumento no déficit não significa que a Prefeitura não criou novas vagas nos bairros, mas sim que a demanda continuou maior que a oferta. O maior salto proporcional aconteceu em Marsilac, extremo sul, onde o número de crianças na fila saltou de 38, em 2013, para 124, em 2016.

No Morumbi, zona sul, a fila praticamente dobrou: foi de 412 crianças, em 2013, para 726, neste ano. Hoje, são 314 crianças a mais na espera, a maior diferença em termos absolutos. Em parte, os números são reflexo do boom imobiliário da região. A Vila Andrade, por exemplo, é um dos bairros que mais cresceram nos últimos dez anos.

Proporcionar acesso universal à educação infantil é hoje um dos maiores desafios de prefeitos em todo o País - na capital, além das 133 mil crianças à espera de creche, há outras 2 mil de 4 e 5 anos aguardando vaga na pré-escola. Sem receber a prometida verba federal para erguer 243 unidades próprias, Haddad intensificou a contratação de creches privadas. O petista foi o que mais firmou convênios do tipo: foram ao menos 542 novas entidades cadastradas ao longo da gestão.

Nesse modelo, as crianças são atendidas em imóveis alugados, geridos por entidades sociais com recursos públicos. Conforme o Estado mostrou em maio, parte das creches funciona em locais improvisados e inadequados, que já foram asilos e até igrejas. Na gestão Haddad foram cancelados ao menos 98 convênios por algum tipo de irregularidade no atendimento - o que reduz o saldo final de novas creches.

O déficit de vagas na educação infantil prejudica principalmente as mulheres mais pobres que, sem recursos para pagar uma creche particular, precisam apelar a parentes, vizinhos ou mesmo deixar o emprego para ficar com os filhos.

A secretária Helena de Carvalho, de 55 anos, moradora do Jardim Guarani, zona norte, abandonou o emprego em um consultório neste ano para cuidar dos netos Maurício, de 2 anos, e Milena, de 4 meses. Foi a saída que encontrou para ajudar a filha Maria, de 32, a continuar trabalhando. "Tentamos bancar uma creche particular, mas custava R$ 520 por criança, além da perua. Era impossível." Sem emprego, ela não consegue mais pagar a faculdade do outro filho. "Estamos há mais de um ano na fila, mas parece que ela só aumenta. Há várias crianças por aqui sem vaga." A secretária mora na Brasilândia, zona norte, onde a fila tem hoje 3.723 crianças, segundo dados de setembro.

Prioridade

A Secretaria Municipal de Educação negou o aumento de demanda nos distritos, apesar de o site da pasta mostrá-lo em suas estatísticas. Em nota, afirmou que priorizou a construção de unidades e a formalização de convênios em locais com o maior número de crianças inscritas. "Mas esse critério não pode ser analisado de forma linear, isoladamente. Constatado o número de demanda por vaga, a Prefeitura tem de encontrar o terreno para construção da creche ou escola, ou para firmar o convênio com uma mantenedora".

Kassab, por meio da assessoria, afirmou que bateu o recorde de novas vagas em creches em seu segundo mandato, entre 2009 e 2012, com 104,3 mil matrículas. Em nota, disse ser "equivocado medir a eficiência de uma gestão pela demanda distrital, já que esta sofre flutuações que independem das ações do poder municipal". "Ou seja, é possível que, mesmo com criação de número expressivo de vagas, a demanda aumente na região e no período avaliado." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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