Faculdade de Arquitetura da UFRJ propõe adiar aulas
A prorrogação é por causa de roblemas enfrentados no prédio Jorge Machado Moreira - JMM (prédio da Reitoria)
© Suami Dias/ GOVBA
Brasil 1º semestre de 2017
A direção da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) divulgou uma proposta preliminar de suspender a oferta de disciplinas no primeiro período de 2017, por problemas enfrentados no prédio Jorge Machado Moreira - JMM (prédio da Reitoria), o mesmo da reitoria. Em nota publicada ontem (5) em seu perfil no Facebook, a FAU aponta precariedade.
"Começamos o ano de 2017 com muita esperança e engajamento nas atividades de ensino, pesquisa e extensão, mas nos deparamos com a mesma situação de precariedade de instalações físicas, logística e poucas expectativas de aplicação de recursos financeiros no edifício JMM", afirma a direção, que pede esforço da comunidade acadêmica para conseguir concluir as atividades do período 2016, que devem se estender até fevereiro.
Além de decidir suspender as aulas, a congregação que reúne a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e a Escola de Belas Artes, também, cobra da reitoria o planejamento de ações de impacto que sinalizem à sociedade e ao governo federal os problemas enfrentados pelos dois cursos no prédio JMM.
"Com relação à Reitoria, desde dezembro de 2016 a Direção aguarda respostas sobre a equipe técnica designada para acompanhamento e implantação das obras no edifício, a conclusão das obras emergenciais, o uso do dinheiro repassado para as obras emergenciais, a possibilidade de uso do quarto andar do edifício e demais posicionamentos que pretendem assegurar o retorno adequado às aulas, sem respostas até o momento", diz o texto.
A Agência Brasil procurou a reitoria da UFRJ, que deve se posicionar sobre o assunto no fim da tarde de hoje.
Incêndio
Em outubro, o mesmo prédio havia sido atingido por um incêndio no oitavo andar, que destruiu salas usadas pela reitoria da UFRJ. As atividades administrativas foram realocadas provisoriamente em outros prédios da Ilha do Fundão, e cinco andares do edifício foram fechados.
Desde então, as aulas da FAU passaram a ser feitas do primeiro ao terceiro andar, e algumas disciplinas passaram a usar áreas comuns como o hall, o mezanino e os corredores para manter as atividades. Cursos da Escola de Belas Artes foram distribuídos entre outros prédios da UFRJ.
A estudante do sétimo período de Arquitetura e Urbanismo, Patrícia Figueiredo, conta que o remanejamento dificultou as atividades acadêmicas. "As coisas ficaram bem mais complicadas, porque as aulas foram distruíbuidas pelas poucas salas que estão liberadas e pelos espaços livres do térreo e do mezanino. Têm poucos banheiros, que já tinham uma situação bem complicada. Papel higiênico é questão de sorte lá", conta ela.
A universitária lembra que o último período também foi prejudicado pelo corte de luz no prédio da reitoria, no fim de novembro. Em reação à decisão da concessionária de energia, a UFRJ manifestou indignação com o corte, porque a dívida estava em processo de negociação. Já a Light disse que havia débitos que se acumulavam de junho a novembro e que uma parte já parcelada em acordo não tinha sido paga.
Na época do corte de energia, a UFRJ destacou que vem sofrendo com a redução de recursos nos últimos anos, em um contigenciamento que ultrapassa os R$ 110 milhões em 2014 e 2015. Além disso, o reajuste na energia elevou a conta da UFRJ de R$ 25,5 milhões para R$ 46,2 milhões, sem que houvesse aumento de consumo. No ano de 2016, mais R$ 63 milhões foram contingenciados, disse a UFRJ em agosto.
Aluna do nono período, Amanda Oliveira, de 25 anos, já está pagando a festa de formatura e teme que um atraso faça com que tenha que continuar estudando depois de já ter comemorado o fim do curso de Arquitetura e Urbanismo. "Dá um desespero, mas não só na gente. Em todo mundo. Para os calouros que vão entrar também".
Lucas Almeida, de 22 anos, é aluno de Licenciatura em Educação Artística e não sabe se a Escola de Belas Artes vai aderir à decisão de suspender a oferta de disciplinas. Apesar da incerteza, ele acredita que a universidade precisa encontrar meios de fazer com que a sociedade saiba dos problemas que está enfrentando.
"Para a faculdade ser pública e para todos, precisa dar uma assistência melhor. Se não, a evasão cresce. Temos sala sem ar condicionado, sem ventilador, sem projetor. Isso afeta as pessoas," disse Lucas. Com informações da Agência Brasil.
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