Em meio ao caos, só loja de armas abre no Espírito Santo
Poucas lojas arriscaram abrir as portas desde o início da paralisação da Policia Militar do estado
© Tânia Rêgo / Agência Brasil
Brasil Onda de violência
A falta de transporte público e o medo da violência afetaram muito o comércio da Grande Vitória. Desde o início da semana, poucas lojas arriscaram abrir as portas. Além da ameaça de assaltos e saques, as pessoas não conseguem chegar aos locais de trabalho. Assim, quase ninguém compra ou vende alguma coisa na região metropolitana.
Em Vila Velha, uma única loja estava aberta na quinta-feira, 9, em um raio de três quarteirões. O estabelecimento é especializado em armas, artigos de defesa pessoal e vestuário para agentes e seguranças.
Cinco vendedoras e um segurança trabalhavam na loja por volta do meio-dia. A responsável pelo estabelecimento estava sorridente. Mas era apenas cortesia. No meio do caos, as vendas estão ruins até mesmo para quem comercializa material para segurança pessoal. No momento em que a reportagem esteve no local, apenas uma senhora idosa e o filho dela olhavam algumas camisetas.
"Nosso movimento caiu muito desde a semana passada", afirmou a gerente, que se recusou a dar o nome. "Já tive problemas no passado por causa disso", declarou.
Ela contou que mantém a loja aberta por estes dias porque, apesar da paralisação dos policiais militares, consegue se sentir segura. "As pessoas até ligam para cá perguntando sobre armas ou coisas do tipo, mas são muito poucas as que acabam vindo até a loja, por causa do medo", lamentou a gerente.
A responsável pela loja lembrou, contudo, que pouca gente conseguiria comprar algo mais poderoso para se defender do que um spray de gengibre, que causa irritação nos olhos. "Nem mesmo spray de pimenta é permitido vender sem autorização", ressaltou.
Solidariedade.
Em Cachoeiro de Macacu, o dono de uma vidraçaria se comoveu com a situação dos comerciantes da cidade que tiveram seus estabelecimentos destruídos e ofereceu a recuperação das vitrines a preço de custo. "O que vimos foram cenas de terrorismo. As pessoas perderam loja, perderam tudo. O que não conseguiram carregar, quebraram", afirmou Guilherme Freitas Teixeira, da Vidraçaria Teixeira. Com a promoção, os comerciantes economizariam entre 40% e 60% do custo.
A Federação do Comércio do Estado informou que pelo menos 300 lojas já foram saqueadas, arrombadas ou sofreram depredação. O prejuízo é de R$ 25 milhões. Comerciantes perderam ainda pelo menos R$ 180 milhões por manterem os estabelecimentos fechados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.